Avenida Luiz Xavier e o Palácio Avenida com seu Cine Avenida. O Edifício Garcez em construção, tendo aos fundos o Cine Palácio. Foto de 1929| Foto:
Interior do Cine Avenida pouco antes de sua inauguração, em 1929
O barracão onde estava instalado o Cine Theatro Palácio. A foto é de um chá beneficente ocorrido em 1916
O Cine Ritz em 1949. Anteriormente já fora Cine Imperial e Cine Vitória, hoje no local está a Galeria Ritz
Cine Glória instalado na Avenida Luiz Xavier, em fotografia de 1929
Fotografia do funeral de Antonio Mattos Azeredo em 23 de agosto de 1940
Cine Odeon, antigo Cine Glória, em foto de 1947. Ao lado vemos o Cine Ópera, inaugurado em 1941
Foto do empresário Antonio Mattos Azeredo
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Continuando com a resenha sobre os antigos cinemas de Curitiba, hoje fo­­­­ca­­­lizamos a saga de um empresário que explorou tal diversão desde o cinema mudo, e boa parte do sonoro, em várias salas de exibição da cidade. Tratamos do cidadão português Antonio Mattos Azeredo. Vamos encontrá-lo no ano de 1924 possuindo, por arrendamento, o Palácio Theatro e o Mignon Theatre e, mais tarde, o Cine Popular.

Consta, hoje, no meu acervo histórico particular o livro Diário da Cia. Cine Theatral Paraná, documento registrado na Junta Co­­­­mer­­­­cial do Paraná em 6 de outubro de 1924, contendo anotações da dita companhia por mais de dez anos, até 30 de novembro de 1934. Seus apontamentos nos in­­­­­dicam que eram sócios da mesma os senhores: Annibal Requião, Joaquim Sampaio, Francisco Fido Fontana, Ângelo Casagrande e Antonio Mattos Azeredo, sendo que este último detinha 55% das ações de um capital de 230 contos de réis.

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Folhear o livro da Theatral Pa­­­ra­­­­­­­ná é um prazer sem limites para quem gosta de mergulhar no passado, principalmente na história do lazer dos curitibanos nas primeiras décadas do século passado. Ficamos sabendo que o Palácio Theatro pertencia a João Moreira Garcez, de quem Mattos Azeredo arrendou por um conto e 600 mil réis por mês. Era um barracão de madeira e que o próprio Azeredo foi-lhe anexando melhorias du­­­­­rante os anos que o explorou. Quan­­­do foi construído o Edifício Garcez, no início de 1930, o am­­­­biente do cinema já era todo de al­­­­­­­­ve­­­naria, o público chegava até ele transitando por extenso corredor no andar térreo do edifício, com entrada pela Avenida Luiz Xavier.

O Cine Mignon, que ficava na Rua XV de Novembro após a es­­­­­quina da Rua Marechal Floriano, pertencia a Joaquim Taborda Ri­­­­bas e seu aluguel era de três contos e 136 mil réis. Entretanto, Mattos Azeredo sublocava parte do imóvel, o que lhe rendia dois contos e 700 mil réis. Eram cinco inquilinos, sendo que dois eram mais conhecidos; João Ricciar­­­­della, que explorava o Café Brasil, anexo ao cinema, e Jorge Le­­­­­moine, que possuía sua agência, A Propagandista, a primeira empresa de propagada do Paraná. Pelo Cine Popular, o aluguel era de um conto e quatrocentos. Esse cinema ainda não consegui localizar.

Alem destes três cinemas, a Cine Theatral Paraná mantinha exibições em três salões da sociedade alemã de Curitiba, no Teuto Brasileiro, no Andewerger e no Theatro Hauer, pagando um aluguel mensal de cem mil réis para cada um.

Antonio Mattos Azeredo chegou a explorar o Cine Glória, na Avenida Luiz Xavier, e o Cine Imperial, na Rua XV. O Glória mudaria de nome para Cine Odeon e o Imperial passaria a ser Vitória no término da Segunda Guerra, e acabaria como Cine Ritz. Azeredo teve ainda sob a sua direção o Cine Avenida, que era propriedade de Feres Merhy. Isto aconteceu com a saída do primeiro arrendatário, José Muzillo.

A vida de Mattos Azeredo no meio cinematográfico de Curitiba foi cercada de altos e baixos em termos do controle de suas finanças. No auge da fortuna construiu luxuosa mansão na Alameda D. Pedro II, no Batel. Ao morrer já não era mais o empresário abastado. Sua morada foi destinada à sede do Auto­­móvel Clube, sendo, posteriormente, ali instalado o Colégio Sion, que ocupa a propriedade até hoje.

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No próximo domingo teremos mais histórias dos cinemas de Curitiba.