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A sociedade curitibana reunida no interior do Cine Palácio Theatro, na Avenida Luiz Xavier, para um concorrido Tango-Chá. Foto de 1916 | Acervo Cid Destefani
A sociedade curitibana reunida no interior do Cine Palácio Theatro, na Avenida Luiz Xavier, para um concorrido Tango-Chá. Foto de 1916| Foto: Acervo Cid Destefani
  • Rua XV de Novembro esquina com Dr. Murici com seufootingnum domingo do ano de 1948
  • O Palácio Theatro apresentando um concorrido espetáculo circense, em 1918
  • A piazada vai chegando para a matinê no Cine Curitiba, em 1950. A sessão começa à uma hora da tarde e ia até as seis, abaixo de gritaria e bateção de pés
  • O Hipódromo do Guabirotuba recebia todos os domingos um bom número de aficionados nas corridas. A foto é de 1939
  • O Passeio Público atraia também bom numero de freqüentadores como no caso desta foto feita em 1925, durante uma quermesse infantil

Sendo a Nostalgia uma apreciação dos leitores de todos os domingos aqui na Gazeta do Povo nestes últimos vinte e quatro anos, nada como um passeio pelos velhos domingos do curitibano. Vamos passear no tempo, quando as diversões ainda não se fixavam em descidas nos fins de semana, ou nos feriados prolongados, para as praias. Tampouco se resumiam em passeios pelos shoppings ou então a freqüência aos bares.

A juventude, principalmente, se divertia mais ao ar livre jogando seu futebol ou em quermesses, pescarias, piqueniques e até mesmo nas tardes e chás dançantes. Existiam os parques como o da Cervejaria Providência no Batel e o Barcarola no Juvevê. Os cinemas eram os centros maiores do lazer curitibano, as matinês das tardes dominicais ficavam lotadas, havia cinemas para todos os gostos. A piazada tinha o Cine Broadway e o Curitiba, a juventude ficava entre o Ópera e o Avenida. O mais eclético era o Cine Luz da Praça Zacarias. Enfim existiam cinemas para todos os gostos e idades.

O footing pela Rua XV de Novembro era o tchan da juventude que ficava circulando num ir e vir constante entre a Praça Osório e a Rua Barão do Rio Branco, moças e rapazes desfilavam para ver e serem vistos, muitos flertes, namoros e casamentos aconteceram pelos conhecimentos travados nestes passeios dominicais pela velha Rua XV, que também era dos automóveis que iam e vinham com seus condutores lançando olhares languidos e sedutores às moiçolas das calçadas.

A criançada se divertia com suas idas, acompanhados pelos adultos, ao Passeio Público onde as atrações máximas eram os macacos com suas caretas e piruetas, não ficando sem uma chegadinha nos brinquedos preferidos que eram as balanças e as gangorras, não ficando fora a degustação com pipocas e o lambuzada com os algodões doces e, na saída, uma bexiga devidamente inflada com gás que vinha flutuando devidamente amarrada no dedo por um barbante.

Quando aparecia algum circo na cidade e que geralmente era instalado no centro, o lugar preferido sempre foi o espaço agora usado pela Praça Rui Barbosa, até 1953 muito desses teatros de lona ali estiveram armados, o que sempre atraia numeroso público. Aquele local também cedeu espaço para exposições e parques de diversões.

O antigo Prado do Guabirotuba, aos domingos, regurgitava de apreciadores das corridas sendo que, por muitos anos, a figura mais importante que ali pisava era a do interventor Manoel Ribas, turfista e emérito criador de cavalos. Na seqüência outro criador freqüentou o Prado com as mesmas honras, esse foi o governador Moisés Lupion lá pelo final da década de 1940.

Chegamos ao fim de um domingo de antigamente na velha Curitiba, quando as famílias ainda passeavam livremente pelas ruas da cidade sem se importar com assaltos, pois não os havia. Quando uma das distrações noturnas era olhar as vitrines iluminadas da velha Rua XV de Novembro, hoje todas lacradas pelas portas de aço assim que escurece tornando aquela via num ambiente lúgubre que poucos têm coragem de por ali transitar. A única escolha fica por conta de se trancar em casa e aturar os comunicadores das nossas televisões.

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