• Carregando...
Pavilhão Carlos Gomes, espetáculo especial para militares. 1943 |
Pavilhão Carlos Gomes, espetáculo especial para militares. 1943| Foto:
  • Construção da nova Igreja do Rosário. 1939
  • Tanque do Bacacheri, competição de natação. 1939
  • Rua XV e Avenida Luiz Xavier, fim do desfile de 7 de Setembro. 1940
  • Teatro Guayra na Rua Dr. Murici. 1936
  • Rua Barão do Serro Azul, na esquina com Praça Tiradentes. 1941

Continuando o relato da formação do meu acervo de fotografias históricas, após já ter apresentado, em domingos que passaram, como vieram parar em minhas mãos as imagens produzidas por Annibal Requião, Ewaldo Schiebler e os álbuns de postais elaborados pela professora Júlia Wanderley Petrich, apresento, hoje, a história do mais importante volume de negativos que se encontra em meus arquivos. O material produzido por Domingos Foggiatto.

Vamos ao resumo da história de vida desse formidável artista, uma vida multifacetada onde a fotografia se mistura com o picadeiro de circos, com as gambiarras dos teatros e o arco voltaico dos projetores de cinema. Esperandio Domingos Foggiatto, nome de batismo, nasceu na colônia italiana Nova Tyrol no município de Piraquara, em 19 de janeiro de 1887.

Ainda menino veio com a família residir em Curitiba. Com a criação da Escola de Artes e Ofícios em 1909, foi da primeira turma como aluno no oficio de marcenaria. Não era o que pretendia, pois em 1910 vamos encontrá-lo trabalhando na tipografia do jornal A República. No ano seguinte, com 24 anos de idade, já possuía uma pequena tipografia na Praça Tiradentes. Nesta época surgem os seus primeiros trabalhos fotográficos.

Na década de 1920, a vida de Foggiatto se agita e ele entra para o ramo de cinema quando funda o Cine Central na Rua XV de Novembro, tendo como sócios Francisco Zanicotti e Henrique Oliva, sendo que este último logo saiu da sociedade. Em 1929, o Central foi transformado em cabaré e cassino com o nome de Moulin Bleu. Ainda com Zanicotti, monta o Cine América na Rua Dr. Murici, onde hoje está o Banco do Brasil, além do Cine Floriano, instalado na Marechal Floriano, quase esquina com a Iguaçu.

Apenso ao trabalho do cabaré e do cassino, Foggiatto começa a empresar artistas e circos, trazendo-os tanto para Curitiba como para as cidades do interior. Com a fundação do jornal O Dia, graças aos seus conhecimentos gráficos é convidado para chefiar as oficinas do novo jornal. Em 1937, é contratado pela Gazeta do Povo para trabalhar na sua paginação. Desde o começo de 1930 era visto fotografando jogos de futebol, corridas no Prado do Guabirotuba e demais esportes e festivais.

Com a instalação de clicherias nos jornais, Domingos Foggiatto passou a fornecer fotografias para os órgãos da imprensa curitibana. Quando atrasava o início de alguma partida de futebol, o comentário tinha como causa a espera da chegada do fotógrafo para gravar as imagens dos times.

Com suas máquinas fotográficas foi produzindo uma quantidade imensa de negativos, quer em chapas de vidro quer em filmes. As matrizes tinham os mais variados tamanhos, principalmente as de vidro. Em 1936 é contratado como repórter fotográfico pelo Diário da Tarde. Ainda naquele ano tira fotos sugestivas da passagem do dirigível Hindenburg por Curitiba. Dois anos depois é premiado com uma delas no 1º Salão de Fotografia do Paraná, realizado em 1938 no Teatro Guayra.

Domingos Foggiatto é convidado pelo interventor Manoel Ribas para trabalhar como fotógrafo no Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda em 1940. Sua efetivação no cargo ocorreu 11 anos depois, em janeiro de 1951.

Em agosto de 1942, o prefeito de Curitiba concede alvará de licença a Esperandio Domingos Foggiatto para armar pavilhão de circo no terreno da esquina da Marechal Floriano com a Pedro Ivo. O Pavilhão Carlos Gomes não foi o maior circo que passou por Curitiba, mas foi o melhor e o que ficou na cidade. Por quase uma década, exatamente quando a cidade estava carente de um teatro.

A produção fotográfica do Foggiatto é insuperável, gravando tudo que fosse importante e que estivesse a sua frente. Dentre as centenas de milhares de negativos produzidos durante 40 anos destacamos o material sobre futebol com mais de 40 mil negativos de times, lances e acontecimentos no interior dos estádios. Encerrou seus trabalhos para a imprensa como fotógrafo do jornal Paraná Esportivo em meados da década de 1950.

Posso garantir que me sinto feliz por ser depositário e usuário desse maravilhoso acervo, que me foi passado por Lóris Foggiatto, filho do Domingos, no final dos anos 70, acervo este que é o suporte maior desta página aqui na Gazeta do Povo.

Esperandio Domingos Foggiatto, que pode ser considerado o patrono da reportagem fotográfica no Paraná, fechou os olhos para as imagens deste mundo no dia 17 de fevereiro de 1970, com sua missão profissional excepcionalmente cumprida.

Ilustramos a Nostalgia deste domingo com algumas fotos do Domingos Foggiatto.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]