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Dona Júlia com seu marido, Frederico Petrich, e o filho Julinho, em 1905 |
Dona Júlia com seu marido, Frederico Petrich, e o filho Julinho, em 1905| Foto:
  • Escola Tiradentes, construída e doada pelo Barão do Serro Azul, ao lado da sua casa, em 1892. Ali, Dona Júlia foi professora e diretora durante toda a sua vida de magistério
  • Júlia Wanderley e o filho ado­lescente, em 1915
  • Júlio Wander­ley Petrich em 1972, quando dis­ponibilizou os álbuns para este jornalista
  • Sequência de fotos do busto de Júlia Wanderley mutilado, em frente do colégio
  • A foto do Paço Muni­cipal em 1916, com anotação da mestra como era seu costume
  • O Mercadinho Provisório do Batel, com a devida anotação do ano inaugural: 1915
  • Porto União, a última foto de João Gualberto, outubro de 1912. Seria morto no Irani

Júlia Augusta de Souza Wan­­derley. Pela terceira vez escrevo, aqui na Gaze­­ta do Povo, algumas linhas sobre esta notável professora. A primeira vez foi no dia 15 de outubro de 1972, em comemoração ao Dia do Professor; a segunda, foi no dia 11 de janeiro próximo passado, contando como tivemos acesso à fabulosa coleção de fotografias, reunidas em quinze álbuns e somando perto de 4 mil imagens.

Hoje, o meu retorno em abordar a figura de Dona Júlia se dá pela seguinte razão: passo diariamente em frente do colégio que leva o seu nome, instalado na Ave­­nida Vicente Machado esquina com a Rua Francisco Rocha. No jardim frontal ao estabelecimento existe um busto da ilustre mestra esculpido em granito, obra de Erbo Stenzel. Essa escultura foi feita em princípio para a Secretaria da Educação e Cultu­­ra, sendo transferida para o en­­tão Grupo Escolar Júlia Wanderley.

Há mais de 20 anos aconteceu um ato iconoclasta contra a escultura da mestra. Um vândalo mu­­tilou o rosto do monumento, destruindo o nariz da ilustre figura. A imagem ficou grotesca, causando inclusive certo mal-estar em quem a observa. O incrível é que, durante e mesmo de­­pois de todos esses anos, não foi tomada medida alguma no sentido de ser recuperada a mutilação.

Procurei me informar de al­­guma maneira sobre que providência poderia estar sendo tomada para, de alguma forma, reparar o ato brutal perpetrado contra a escultura da nobre professora. Dei uma olhada, inclusive, na in­­ternet para ver se encontrava al­­guma notícia esclarecedora de que alguma entidade pudesse estar se encarregando de tal re­­cuperação. Nada. Muito pelo con­­trário, encontrei vários textos so­­bre a vida de Dona Júlia Wan­­der­­ley e, de pasmar, também mu­­tilados.

Em alguns, aparece o nome da mestra como sendo ela a primeira poetisa do Paraná – obviamente por falta de conhecimento, confundindo-a com o nome de Júlia da Costa. A professora Júlia Wanderley nasceu em Ponta Grossa, em 1874, e aos 5 anos veio com a família para Curitiba, portanto em 1879. No entanto, em certos textos colocaram o ano de sua vinda conforme sendo 1877. Aqui em Curi­­tiba, seu pai, Afonso Guilher­­mino Wanderley, montou uma casa de molduras na Rua XV, com o nome de Casa Verde.

Aos 21 anos de idade, a jovem Júlia casou-se com o gaúcho Frederico Petrich, artista escultor e entalhador que deu continuidade à fábrica de molduras do sogro, no que foi muito bem-sucedido economicamente. Em alguns textos, ainda na internet, aparece a informação de que Afonso G. Wanderley foi um dos pintores do interior da Catedral – o que sucinta dúvidas, pois nos registros da construção os nomes dos artistas que ornamentaram aquele templo são outros.

Como Dona Júlia Wanderley Petrich não teve condições de ter filhos, sua irmã, Minervina W. da Costa, lhe prometeu que daria o terceiro filho que nascesse. O que de fato ocorreu, em novembro de 1901. No dia primeiro daquele mês nasceu um menino, que foi entregue a Dona Júlia e seu marido no dia 17. O garoto foi batizado e registrado com o nome de Júlio Wanderley Pe­­trich, como sendo filho do casal Pe­­trich. Esse fato o próprio Ju­­linho me confirmou, em entrevista quando achei que ele seria filho adotivo.

Ainda sobre a morte de Júlia Wanderley, encontrei nos textos datas totalmente erradas, em que aparece como sendo em 1917, no dia 18 de abril; também nesse dia, em 1918. Ainda o próprio Julinho me confirmou que a morte se deu no dia 5 de abril de 1918, motivada por um câncer no útero.

Em 1972 Júlio Wanderley Petrich colocou à minha disposição quatorze álbuns – com a fabulosa coleção de postais de Dona Júlia Wanderley – para as devidas reproduções das imagens. Após o falecimento do Ju­­linho, a sua viúva doou a maior parte da coleção para o Instituto Histórico e Geográfico do Para­­ná, cujos originais constam do acervo e estão sob a guarda da­­quela instituição.

Para informações seguras sobre a vida de Júlia Wanderley Petrich, o leitor pode consultar a biografia da mestra feita por Herbert Munhoz Van Erven, que tem o título Uma vida que igualou o seu destino, ou ainda o artigo do professor Osvaldo Piloto publicado em 1974, no Boletim do Instituto Histórico número XXIV. Ainda pode o leitor consultar a Gazeta do Povo de 15 de outubro de 1972, que vai encontrar na 13.ª página/2.º Caderno, sob o título Júlia Wan­­derley, a mestra, ou também na Gazeta do Povo, na página Nos­­talgia do dia 11 de janeiro de 2009, sob o título A herança da mestra, sendo ambos os artigos deste editor.

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