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O advogado, ocupando uma tribuna de defesa na Justiça |
O advogado, ocupando uma tribuna de defesa na Justiça| Foto:
  • Congelada pela neve de 1975, a Universidade do Paraná – onde o jovem Francisco estudou e foi professor

O Patrão nos deixou, o Homem partiu. A nossa comunidade o pranteia. A falta de sua presença no momento nos angustia. No futuro será uma grata lembrança ter convivido com ele. Jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, ou o doutor Francisco como era tratado por todos.

Esta página memorialista foi criada por ele. No início do ano de 1989 estava em férias nos Estados Unidos e na cidade de New Orleans, folheando um jornal local, deparou-se com uma página onde era mostrada uma fotografia antiga abaixo do título: Nostalgia.

Na sua volta a Curitiba me telefona: "Cid, quero que você venha até a Gazeta para uma conversa, pretendo usar o material do teu acervo no jornal". Entretanto, sempre fui meio desligado e acabei esquecendo o convite. Passado um bom tempo, estava conversando com alguns amigos em frente da Galeria Minerva, na Rua Quinze, quando surge o doutor Francisco, cumprimenta a todos e me pegando pelo braço gentilmente fazendo o convite: "Hoje você não me escapa, vamos até o jornal que eu quero mostrar o que desejo".

Estávamos na ultima semana do mês de maio de 1989. Visto e concordado com o que ele desejava, foi chamado o Luiz José Tavares, chefe da diagramação do jornal, ao qual transmitiu: "Tavares, você fica encarregado da diagramação da meia página com o título de Nostalgia para ser publicada na 6ª página aos domingos". Naquele momento, eu não sabia que a 6ª página era considerada a mais importante do jornal. Na redação, o comentário foi: "Esta coluna deve ser muito importante, a 6ª página é a favorita, é a página do patrão!"

Foi assim que nasceu a página Nostalgia dentro da Gazeta do Povo, com a sua primeira publicação no dia 4 de junho de 1989. Naquele domingo, quando o jornal estava sendo impresso, o telefone tocou, sendo chamado o chefe da impressão Juvenal Ferreira. Era o doutor Francisco, que pediu que o mesmo lesse as placas das casas comerciais que apareciam na foto da Rua Quinze feita em 1945. Satisfeito o desejo, o comentário segui-se: "Perfeito, a impressão está nítida".

Homem de diálogo franco, doutor Francisco sempre teve curiosidade sobre a situação dos seus funcionários. Perguntou-me sobre qual era a minha intenção com o acervo fotográfico. Informei que tinha intenção de futuramente publicar álbuns históricos, tendo como suporte as fotografias antigas. Foi quando ele quis saber a minha idade: 53. Ficou admirado de, com aquela idade, ser aquele o meu desejo. Lembrei, então, a sua energia, aos 62 anos, para dirigir o complexo dos meios de comunicações ao seu comando. Comentário, para ele, hilariante.

O doutor Francisco comentou muitas vez que o seu tipo inesquecível era o avô João Cândido Ferreira, de quem adquiriu a paciência para lidar com as pessoas. Sobre comentário que fiz por nunca percebê-lo irritado com alguém, sua resposta foi: "Toda a manhã faço meus exercícios de tae kwon do, onde descarrego meu espírito e fico de bem com a vida".

O doutor Francisco também ficará, enquanto eu viver, sendo o meu tipo inesquecível. Sempre respeitou os meus textos, mesmo quando eles criticavam os acontecimentos atuais na vida da cidade. Sempre prestigiou as minhas ideias a favor da comunidade. Sendo fato relevante quando tentavam promover como símbolo de Curitiba algumas obras recentes, e a Nostalgia provou que tal símbolo sempre fora – desde a sua criação – a Universidade do Paraná. Promoveu, ele, uma campanha memorável pela Gazeta do Povo e pelo Canal 12, e a Universidade, através de votação popular, foi confirmada como símbolo da cidade.

Sobre o doutor Francisco, eu seria capaz de escrever laudas e mais laudas sobre sua vida. Toda ela dirigida em favor de Curitiba e do Paraná. Entretanto, neste momento estão sendo dados os primeiros passos para contar a longa história deste fabuloso Homem. Fato que se dará, através dos tempos, por gerações seguidas dos atuais e futuros historiadores.

Doutor Francisco, o senhor criou esta página da Nostalgia. Agora, nobre jornalista, o senhor é a nossa Nostalgia.

Esta página está sendo ilustrada com imagens sentimentais sobre o seu criador.

A foto do doutor Francisco Cunha Pereira Filho em sua juventude, como advogado, ocupando uma tribuna de defesa na Justiça.

Na foto congelada pela neve de 1975 aparece a Universidade do Paraná (foto 1), onde o jovem Francisco estudou e foi professor.

Como gratidão, apresento sua dedicatória à minha pessoa como jornalista da Gazeta do Povo (foto 2). A maior honraria entre todas que já recebi e que porventura ainda receba.

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