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Manuseando um belo álbum impresso em cores, em papel de alta qualidade, referente aos 130 anos do Museu Paranaense com fotografias de peças existentes em seu magnífico acervo, nos deparamos com uma informação desvirtuada impressa em duas páginas. Trata-se de um estudo pintado a óleo sobre tela no tamanho de 37x53 cm (abaixo), cuja autoria é de Arthur Nisio, sem data. Ao lado da ilustração, temos a seguinte legenda: Emancipação Política do Paraná.

Para os menos acostumados a lidar com imagens históricas e os acontecimentos que elas representam, estaria tudo bem. O quadro mostra o interior da Assembléia Provincial com seus deputados reunidos. O fato a que a legenda se refere ocorreu em 1854, quando a Assembléia foi instalada; mas só que a imagem transportada pelo Nisio para a tela ocorreu em 1889, 35 anos depois.

O acontecimento da pintura de fato aconteceu no mês de outubro de 1889, um mês antes da Proclamação da República, retratando o discurso pronunciado por Vicente Machado se declarando, com oportunidade, republicano. Para retificar o desacerto da informação histórica, apresentamos nesta página uma reprodução em preto e branco, o original é em cores, da ilustração do álbum comemorativo ao aniversário de nosso museu, comparando com a fotografia tomada no momento da declaração republicana de Vicente Machado.

A obrigação de quem lida com a memória, com os fatos históricos e, afinal de contas, com a nossa cultura é de ter a extrema lisura nas informações que presta ao público. Entretanto, ninguém está livre de cometer um deslize de conhecimento; infelizmente, tais fatos acontecem com certa freqüência em estabelecimentos públicos que lidam com as informações sobre fatos do passado.

Recentemente, em visita a exposições no Museu Paranaense, nos defrontamos com uma que versava sobre os acontecimentos entre 1912 e 1915, na questão de fronteiras entre os estados de Santa Catarina e Paraná. Lá, estava com todas as letras: A Guerra do Contestado. Quando o que ocorreu não foi uma guerra, foi uma campanha na qual o Exército se contrapunha aos colonos da região, que estavam revoltados pela espoliação de suas terras pela companhia norte-americana que construía a Estrada de Ferro São Paulo–Rio Grande.

Na sala aonde se adentrava para a mostra, um enorme pôster fotográfico com a figura do monge João Maria de Agostini causava dúvidas, pois o mesmo nada teve a ver com aquele embate bélico, e sim o que imitava sua figura conhecido como José Maria de Lucena e que morreu na batalha que deu início à campanha, isto em 1912, nos campos do Irani.

A terceira foto que mostramos é do monge João Maria e que está equivocadamente ilustrando a entrada da tal exposição sobre o Contestado, muito bem montada em louvor à visão histórica dos fatos pelo prisma catarinense.

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