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Assistência na Baixada abaixo de chuva. Hoje em dia os guarda-chuvas servem de armas num quebra-pau. 1949 |
Assistência na Baixada abaixo de chuva. Hoje em dia os guarda-chuvas servem de armas num quebra-pau. 1949| Foto:
  • Pessoal acomodado na geral do Coritiba em 1947
  • Mesa da súmula da Federação no campo do Coritiba em 1948
  • A sombra dos cedros do estádio do Coritiba protege a assistência acomodada sobre a grama em 1947
  • Campo do Juventus, no Batel. Assistência ao jogo entre Ferroviário e Atlético no dia 2 de maio de 1948
  • Um desenten­dimento entre jogadores no Estádio Joaquim Américo no final da década de 1930
  • Gol duvidoso do Ferroviário, prevalecendo a autoridade do juiz. Hoje seria motivo de baderna pela torcida
  • Time do Britânia em 1918. Foi campeão por seis vezes seguidas, até 1923. Seus jo­­gadores eram todos pratas da casa

A especialidade desta página é viajar pelos velhos tempos de Curi­­tiba, aqueles que os mais antigos chamam nostalgicamente de os bons tempos! Ou­­tros acham que o passado já morreu, que eram tempos de se amar­­rar cachorro com linguiça ou de comprar dez bananas por um tostão. Seja lá como for era tempo de ordem e respeito.

O cidadão de qualquer classe social era bem-educado no tratamento com os demais. Hoje em dia o exemplo continua vindo de cima, entretanto na maioria das vezes com atitudes mutiladas, haja vista recentes acontecimentos onde autoridades maiores achando-se imunes, pelo poder, insultam e infamam quem os cercam, se acreditando intelectualmente engraçados.

Estamos vivendo tempos onde a explicação é uma constante, embora jamais seja esclarecedora. As atitudes contra o conforto e mesmo as brutalidades cometidas sobre o cidadão comum, co­­mo roubos, assassinatos e demais tipos de barbáries, são angelicalmente enquadradas como estatísticas em aforismos pronunciados pelos intocáveis aboletados no domínio da ordem.

Os acontecimentos que presenciamos na atualidade, com arruaceiros quer na cidade, quer no campo, nos fazem sentir saudades dos tempos idos. Tempos em que eram respeitados a integridade física, a família e os bens dos cidadãos. Hoje temos uma juventude dividida, parte dela seguindo os preceitos inerentes ao bem viver em sociedade, outra totalmente descalibrada e revoltada com o meio onde existem.

Em Curitiba os últimos episódios de fúria, após o término do jogo Atletiba, nos levam a outros momentos vividos no passado, quando não deixavam de existir insurgências, mas sempre em momentos nos quais a população estava sendo lesada de alguma forma. O que vimos no domin­­go que passou nada mais foi do que arruaças e vandalismos, uma juventude desabusada depredando ônibus, brigando entre si e ainda dois jovens atropelados por um motorista inconsequente.

O que me leva a louvar outros tempos é justamente por ter vivido neles. Para melhor retratar o que escrevo remexi no acervo de imagens dedicadas aos jogos de futebol realizados há 60 anos ou mais. Naquele tempo as competições não estavam apegadas exclusivamente à disputa entre dois clubes, mas sim a vários de­­les. Palestra, Britânia, Morgenau, Água Verde, Ferroviário, Juven­­tus e, também, Atlético e Coriti­­ba. Isto apenas para citar alguns times daquela época.

O leitor pode notar nas fotografias que os estádios naquele tempo não possuíam muros e alambrados interferindo entre o campo de jogo e a assistência. O que havia era uma frágil cerca que quase ninguém se atrevia a transpor. Outro detalhe importante a se notar é a vestimenta do público: todos os homens de terno e gravata elegantemente trajados, as mulheres com suas saias domingueiras. O público ia para assistir ao espetáculo em paz e com respeito.

Entretanto não quer dizer que vez ou outra os ânimos não se altercassem. Contudo, a presença da polícia abrandava o ambiente. Invasão de campo? Quando alguém se atrevia a fazer era retirado, muitas vezes até do estádio. Enfim era uma época de cavalheirismo que, infelizmente, a falta da educação incrementada por vários meios, após as décadas de 1960-70, não permitiu que chegasse aos nossos dias. Temos que continuar assistindo aos molambos destruírem bens públicos além de executarem outras delinquências mais graves e a autoridade ficar computando tudo como estatística. Quando não, ter que aturar quem está na chefia abordando tudo que acontece na base de chistes e fanfarreias tidas por alguns como piadas engraçadinhas.

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