Histórias & historietas

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Quando alguém fala sobre o passado de Curitiba fico de orelha em pé. Aprendi muito sobre a cidade ouvindo os mais velhos. É bem verdade que muita coisa me vi obrigado a desconsiderar em razão de não conterem verdades, muitas lorotas. Quando tais inverdades ficam na base de "quem conta um conto aumenta um ponto", pouco estrago pode fazer. O que me dá os mais diversos tipos de arrepios é quando tais historiolas passam para o papel, e o que não é fica sendo.Como "rato" de livrarias qualquer publicação que fale sobre ocorrências históricas, principalmente de Curitiba, já me encontro com vontade de folheá-la. Recentemente, com mais precisão no final do mês passado, houve alguma publicidade sobre o lançamento de um livro cujo assunto seria "uma viagem pela Cinelândia curitibana". Opa! Deveria ser coisa muito boa. Comprei a dita obra. Sinceramente, livrando algumas entrevistas, é decepcionante. Principalmente se levando em conta a verdade sobre os cinemas que existiram em Curitiba.

Mui levemente é comentada a presença do pioneiro a se estabelecer por aqui, em 1906, com o seu Coliseu Curitibano, o espanhol Francisco Serrador, cujo cinema funcionava com sessões noturnas e matinês aos domingos para a piazada. Anníbal Requião, cinematografista pioneiro que registrava os acontecimentos importantes da cidade em filmes e os projetava na tela do seu Cine Smart, sequer foi citado, assim como a quase totalidade das salas de projeções que existiram na cidade nas três primeiras décadas do século passado.

Quanto às ilustrações, três delas não casam com o desenrolar da história contada. A primeira, uma fotografia da Rua XV de Novembro esquina com a Rua Monsenhor Celso, feita quando era trocado o calçamento em 1912, a legenda informa que ali se desenvolveu a Cinelândia – o que não é verdade, a mesma nasceu a uma distância de 300 metros antes, na Avenida Luiz Xavier.

Outra foto, da fachada de um prédio em rua de barro, não pertence a Curitiba e na sua legenda consta como sendo a fachada do Cine Theatro Palácio. A terceira é uma foto do Cine América na Rua Voluntários da Pátria legendada como Cine Curitiba, sendo que este ainda nem existia e que viria a ocupar as instalações do Cine República, na mesma rua.

Quem mata a cobra mostra o porrete. Não pretendo macular o trabalho das autoras da obra, entretanto acredito que faltou aprofundar as pesquisas sobre o assunto, em se levando na conta que história é coisa séria, muito séria mesmo. Para colaborar, publico algumas fotos onde se instalou a Cinelândia de Curitiba, ou seja, a Avenida Luiz Xavier, em imagens de épocas diversas. Nos próximos números da Nostalgia teremos histórias de nossos antigos cinemas através de documentos e fartamente ilustradas.