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Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA | Divulgação/Polícia de Plam Beach
Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA| Foto: Divulgação/Polícia de Plam Beach

Ouvir o noticiário radiofônico logo pela manhã é um velho costume, isto desde a saudosa "Revista Matinal", informativo criado pelo finado amigo Arthur de Souza, na antiga PRB-2. Previsão do tempo, notas policiais, enfim a maneira de ficar sabendo como anda o mundo para fora do portão da nossa casa.

Cada notícia nos leva a lembrar de como eram as coisas em tempos passados. Na última quinta-feira ouvíamos um boletim policial sobre o assalto a um cobrador de ônibus na Fazenda Rio Grande e, surpreendentemente, escutamos uma "otoridade" proibir a jornalista de entrevistar o pai do rapaz assaltado. Isto ocorreu porque o gendarme da guarda municipal local talvez não tenha gostado da publicidade negativa sobre os casos de violência que ocorrem atualmente naquelas paragens.

Fazenda Rio Grande tem este nome desde o tempo em que o Rio Iguaçu assim era chamado: Rio Grande! As imagens vieram lá do fundão da memória, nítidas e em cores. O piá, com seus 7 anos, subindo lampeiro na carroça e se abancando ao lado do velho roceiro, seu André Siniscki, que fornecia seus produtos e lenha "de metro" para a freguesia de Curitiba.

Trinta dias de férias no paraíso. Quatro e meia da madrugada a partida abaixo de mil recomendações do pai e da mãe. A carroça partia da Avenida do Batel em direção ao Portão, a parelha de cavalos ia ao passo marcado pelo som do colar de cincerros presos ao arreamento. O desconforto do banco "toco-duro" era amainado por pelegos de carneiro e a viagem seguia pela estrada de terra em direção ao Umbará.

A ponte de zinco, que tinha este nome por causa da cobertura que a protegia, vibrava com seu madeirame sob as rodas da carroça, o som produzido imitava o ribombar de trovoada e que se misturava com os chocalhos dos cavalos. Transposto o Iguaçu, a estrada serpenteava pelos campos até aparecer a casa de seu André. Uma hora da tarde. Quase nove horas aboletado na carroça com direito a parada para saborear fatias de broa de centeio besuntadas de banha e sal e mais algumas fatias de salame caseiro. Nem os deuses do Olimpo jamais provaram tais iguarias.

A casa da família Siniscki era a única em toda região. Vizinhos ficavam a vários quilômetros de distância. Os campos com seus pés de araçá e um ou outro arbusto que serviam para abrigar os enormes ninhos do pequeno pássaro conhecido como caminheiro. Ao longe o capão de mato, onde, sob o sol forte, se destacava o canto modorrento de uma araponga.

Certa manhã surgiu um grupo de homens que foram medindo o campo e cravando estacas de madeira espaçadamente. Era a estrada para o Rio Grande do Sul que estava sendo piqueteada. Dois anos depois o caminho de terra já estava aberto. Era conhecido como a Estrada Estratégica. Por muito tempo a casa do seu André ainda era a única da região. Aos poucos a Fazenda Rio Grande foi crescendo e do passado só ficaram as imagens em nossa memória.

Pinçamos algumas imagens do nosso acervo para dar ao leitor uma idéia de como era antigamente o tempo ao qual nos referimos, principalmente o Batel em nosso período de piá. Na primeira foto vemos a Rua Francisco Rocha na esquina com a Avenida do Batel em direção a Avenida Vicente Machado, lá no alto. A rua nada mais era do que um caminho de terra que seria nivelado e calçado no início da década de 1940. Transitamos diariamente por esta rua quando ainda era como mostra a foto feita em 1939.

Contamos acima que o seu André trazia lenha "de metro" em sua carroça desde a Fazenda Rio Grande. Na segunda foto vemos a Cervejaria Cruzeiro, instalada na Avenida do Batel, tendo em primeiro plano uma enorme pilha da dita lenha trazida pelas carroças dos colonos e que seria usada como combustível na caldeira da cervejaria. A foto é de meados da década de 1930.

Na terceira imagem vemos o "Engenho do Banco", nome popular da ervateira pertencente a firma B. R. de Azevedo, também instalada na Avenida do Batel esquina com a Rua Bento Viana, onde hoje está sendo construído um templo presbiteriano. Colonos traziam a erva-mate em ramas, nas suas carroças, para ser beneficiada no engenho, que vemos em fotografia retocada e feita também na década de 1930.

Encerramos a seqüência fotográfica de hoje com a imagem de uma carroça na estrada do Umbará. Veículos iguais ao da foto percorriam todos os caminhos que ligavam as colônias a Curitiba, que era o centro consumidor dos produtos coloniais. A foto não tem a data certa em que foi tirada. Entretanto este tipo de condução atravessou anos prestando seus serviços.

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