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Taxista depilou o corpo inteiro e fez uma tatuagem para ganhar o fusca | Gazeta do Povo
Taxista depilou o corpo inteiro e fez uma tatuagem para ganhar o fusca| Foto: Gazeta do Povo

Na última quarta-feira o papo ia animado no bar do Maneco, quando então o assunto bailava em cima dos trotes aplicados aos calouros que conseguem uma vaga em alguma das inúmeras faculdades existentes. Os trotes de hoje nem poderiam assim ser chamados, haja vista não obedecerem a uma certa organização que existia antigamente.

A conversa, entretanto, serviu para remeter a lembranças de um passado do qual um pedaço nos pertence. Caímos exatamente na Rua XV de Novembro, não na Rua XV da atualidade mas na antiga, quando aquela via representava a alma de Curitiba. Quando por ali fluíam todos os movimentos humanos, cívicos e sociais.

O trote de calouros foi uma tradição que perdurou por anos a fio, talvez perto de trinta anos. Era promovido e organizado pelos diretórios acadêmicos das faculdades pertencentes a nossa Universidade do Paraná. Consistia na apresentação de um desfile burlesco dos alunos novatos, desde o prédio da universidade, na Praça Santos Andrade, até a Praça Osório; tendo como passarela a Rua XV e a Avenida Luiz Xavier, então João Pessoa. Nesse desfile, eram ridicularizados os costumes; e o futebol e a política eram achincalhados, assim como demais fatos em realce no momento.

Eh! Rua XV velha de guerra! Rua do povo, gente por todos os lados. Naquela época, mais precisamente nesta semana de agosto, quando se comemora a semana do Exército, havia um acontecimento que atraía multidão. O povo afluía para assistir à Corrida do Facho, sempre realizada no dia 25, em comemoração ao Dia do Soldado. Todo aquele povaréu não era de mera assistência, o pessoal torcia mesmo. A soldadesca que participava vinha dos mais diversos quartéis – 3.º RAM, 20.º RI, Base Aérea, Rec-Mec – e de tantas outras casernas da 5.ª Região Militar.

Desfiles, procissões, carnavais, passeatas e protestos. Afinal, tudo que motivasse ajuntamento de público vinha acontecer na Rua XV e na Avenida. Atualmente ainda ocorrem certas caminhadas, para as quais o cidadão comum pouco, ou nenhum, interesse demonstra. A velha Rua XV deixou saudades na memória de quem a conheceu quando de fato era a alma da cidade.

Esta página de reminiscências mostra hoje meia dúzia de fotos, onde são recordados os bons tempos em que o curitibano desfrutava do convívio com multidões de conterrâneos naquele espaço da cidade.

A primeira foto nos transporta até a Rua XV de Novembro, esquina com a Monsenhor Celso, em dia de carnaval, no ano de 1902.

A segunda fotografia, feita em 1943, apresenta a maior multidão já reunida na Avenida e Rua XV. Parecia que Curitiba inteira estava ali, para prestar homenagem a Getúlio Vargas.

A terceira fotografia foi feita no dia 7 de novembro de 1943 no Senadinho, onde se vê numeroso público ouvindo o jogo entre as seleções do Paraná e Rio Grande do Sul, através de alto-falantes. Ao fundo, vemos a sede da Gazeta do Povo ainda na Rua XV.

Na quarta foto, feita num dia Sete de Setembro, no final dos anos quarenta, aparece o povo aboletado em cima da calçada na primeira quadra da Rua XV, esperando o começo do desfile cívico-militar.

Na foto número 5, vemos o desfile pela Rua XV dos calouros da então nossa única universidade. Ainda em plena ditadura de Vargas, no início da década de 1940. Fechamos a seqüência de imagens com o flagrante do momento da largada da Corrida do Facho, na Avenida João Pessoa – Luiz Xavier –, no dia 25 de agosto de 1951.

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