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Mercado Municipal, na praça do mesmo nome, hoje Praça Generoso Marques. Foto de 1905 |
Mercado Municipal, na praça do mesmo nome, hoje Praça Generoso Marques. Foto de 1905| Foto:

Dona Júlia

Na última quinta-feira, dia 22, foi entrevistado o professor Josias Fagundes, diretor da Escola Júlia Wanderley, sobre o problema criado com a segunda investida de vandalismo contra o monumento da professora Júlia Wanderley e que está colocado em pedestal na frente daquele estabelecimento.

Profundamente consternado com o acontecimento, nos disse ele que vai promover uma reforma no hall de entrada do colégio e ali fazer recolher a escultura que deve ser outra vez recuperada. Segundo as informações que recebemos, a depredação foi feita com um bloco de cimento que estava sendo usado para a pavimentação de uma construção na Alameda Carlos de Car­­valho, a uma quadra do colégio.

Por telefone, o escultor Luiz Lopes, que havia recuperado o nariz destruído, nos informou que cobrou apenas o material usado e o transporte da peça em granito. Quem pagou tal despesa foi a Fun­­depar. Lopes declarou que poderá fazer outra vez o serviço da mesma forma anterior.

  • O professor Josias Fagundes, diretor do Colégio Júlia Wanderley, em frente do monumento da mestra, mostra a peça de cimento com que foi praticado o ato iconoclasta
  • Mercadinho do Batel, construído em 1915 e demolido em 1937. Ficava na confluência das Ruas Emiliano Perneta e Dr. Pedrosa
  • Mercadoria tangida a pé. Uma porcada é conduzida ao matadouro no Bacacheri. 1930
  • Enormes carroções traziam erva-mate para os engenhos curitibanos, em longas viagens. Década de 1930
  • Carrocinhas de entregas partem da Cervejaria Atlântica para distribuir as bebidas no centro de Curitiba. 1925
  • Outra cervejaria, a Providência, apresenta seu estoque no balcão à disposição dos fregueses

Uma das atrações de Curi­­tiba é, sem dúvida alguma, o Mercado Muni­­cipal, que na atualidade está passando por considerável ampliação. Ainda em passado recente, a cidade era abastecida pela produção das colônias circunvizinhas. O produto rural era transportado em carroças até o centro da urbe, principalmente na região da Praça da Ordem e no antigo mercado, que ficava na atual Praça Generoso Marques.As colonas mais arrojadas circulavam pelos bairros com as carroças abarrotadas de produtos agrícolas, alegrando as manhãs curitibanas com suas cantorias de ofertas: Cibola! Batata! Repoio! Galinia! Ovo! Esta maneira de chamar a atenção da freguesia era típica das italianas de Santa Fe­­licidade.Quase em cada esquina de Curitiba existia um armazém de secos e molhados, onde as mercadorias eram vendidas tanto a dinheiro como no fiado. Nessa úl­­tima modalidade, era usado o caderno de anotações que venciam dentro do mês. O freguês fi­­cava com uma caderneta e o co­­merciante com outra em duplicata. Cada compra executada era anotada em ambas para que não houvesse reclamações. O Fio do Bigode já estava caindo em desuso. Pelas ruas da cidade, era possível encontrar os mais diversos tipos de vendedores. O peixeiro, que transportava o pescado em dois cestos pendurados na ponta de uma vara apoiada nos ombros do vendedor. O vendedor de leite, que trazia a sua vaca para a porta do freguês e oferecia o leite quente, tirado na hora. A sinfonia da cidade, principalmente pela manhã, desapareceu na bruma do tempo. As ruas eram cheias de sons que apregoavam as mercadorias e os serviços oferecidos. O amolador de facas tirava seu melancólico ruído passando um pedaço de ferro no seu esmeril. O vendedor de barquilhas fazia estralar a matraca. O latoeiro e soldador anunciavam a sua presença bimbalhando com uma haste numa frigideira. O homem da sorte, com seu periquito, chamava os interessados através do delicioso som do seu realejo. Tudo isso ficou no passado.

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