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A nossa cidade nas últimas décadas, isto desde os anos sessenta, tem encantado os forasteiros que por aqui passam. Alguns têm suas reclamações, justas ou não. Curitiba é tão encantadora, pena que não existam praias. Curitiba é isso, Curitiba é aquilo! Muitos vêm para cá tentar uma vida melhor e logo estão prontos a melhorar o ambiente. É sim! Prontos a enfeitar o rabo do pavão, com mais uma peninha aqui e outra acolá.

Curiosamente, o curitibano fica olhando a banda passar, até a hora, é claro, que alguém desafine ou que se desconfie que tem gato na tuba. Certa feita, um desses forasteiros, que nunca havia estado aqui, chegou de manhã e à tarde já dava entrevistas para a mídia dizendo que Curitiba era uma das três melhores cidades do mundo para se viver, depois de Roma e de São Francisco da Califórnia, nessa última o ilustre adventício reside.

Sugestão e palpite são coisas que muita gente gosta de distribuir a mãos cheias e de graça, principalmente quando acham que acabaram de aportar em terra de cegos, e, mesmo que tenham um olho só, sentem-se verdadeiros Camões.

Agora mesmo está nas pautas da mídia o noticiário sobre o calçamento da cidade, principalmente o central, com sugestões e palpites de todos os lados. Os mais coerentes defendem que o piso por onde vagam os nossos pedestres tem que ser antiderrapante para evitar acidentes, como quedas que causam ferimentos graves, principalmente em idosos e deficientes.

Em contrapartida, temos a ala dos que defendem o visual, o belo e o dito valor histórico, os que procuram de todas as maneiras atrelar suas visões no acastelamento do: "porque é tradicional". Nada de tradicional existe na decoração das nossas calçadas, os tais desenhos paranistas aplicados no jogo do preto e branco dos petit-pavés é mera decoração com o uso de material que não deu certo. Alegam ainda que em obras artísticas não se pode mexer, pensamento muito justo para estes Neros da atualidade, que se quebrem pernas nas ondas curitibanas, afinal de contas muitas existem, agora, calçadas iguais as nossas, em lugar algum se encontra.

As calçadas de Curitiba, e mesmo o leito das ruas asfaltadas de uns anos para cá, viraram verdadeira colcha de retalhos. Nunca se viu tanta onda. Certas ruas têm tantos remendos na capa de asfalto que quando os carros passam dão idéia de serem barcos navegando em cima de marolas. E na calçada então? Temos de andar com os pés e os olhos no chão para não sermos surpreendidos por aclives, declives e outros tipos de imprevistos que só os olhos dos responsáveis não enxergam.

Vamos mostrar algumas imagens do passado onde aparecem certos aspectos dos pisos usados para dar conforto, ou não, ao direito que todo cidadão tem de ir-e-vir sem tropeçar nem escorregar e mesmo se estatelar nas duras rochas das caçadas.

A primeira foto nos dá a impressão de que estamos em Copacabana com seu calçamento imitando ondas do mar. Talvez tenha sido a nostalgia do prefeito de Curitiba da época, pois o mesmo era carioca, em mandar fazer assim o calçamento da nossa mui legítima Praça Zacarias que aparece em imagem gravada no ano de 1946.

A segunda fotografia mostra um trecho da calçada da Rua XV de Novembro feita com lajotas prensadas, tipo de pavimento instituído em 1911. Nota-se o passeio perfeitamente plano, em foto feita em 1924, então com mais de 13 anos de uso.

Damos agora, na terceira foto, uma voltinha na velha Praça Osório no ano de 1949. As alamedas daquele logradouro eram todas cobertas com pedregulhos sendo apenas o seu contorno externo em petit-pavé e ainda assim com desenhos que nada tinham a ver com o dito histórico e tradicional. Na quarta foto, vemos uma escavadeira remexendo na cobertura de saibro da Avenida República Argentina, ao lado da Igreja do Portão, preparando o leito daquela via para receber a cobertura de asfalto quando era prefeito de Curitiba o major Ney Braga. Era o ano de 1952.

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