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Sempre gostei de perambular pelas ruas da minha cidade. Hoje nem tanto, em razão da violência que campeia pelas esquinas, violência que as nossas autoridades gostam de renomear como sendo estatística. Se você for assaltado, ferido ou tiver o carro roubado, pode saber que para a direção da polícia o seu problema vai ser mais um risco no gráfico pendurado na parede de alguma delegacia especializada.

O degas que aqui escreve teve duas conduções surrupiadas. Na segunda ocasião, foi feita reclamação de viva voz para o próprio secretário. Ao protestar, observamos que em Curitiba estavam sendo roubados trinta carros por noite. O ilustre executivo de pronto nos corrigiu: apenas a metade do que se dizia, isto comprovado estatisticamente. Pois é! Apenas a metade. Infelizmente, o meu carro foi inteirinho para algum dos inúmeros desmanches existentes por aí.

Mas, com carro ou a pé, continuo volteando pela city. Gostaram? Pela city! Estou tentando aperfeiçoar o meu ingreis ginasiano. Afinal de contas, quando olho as placas, as propagandas e as ofertas nas vitrines, tenho a impressão de que estou vagando numa cidade de primeiro mundo, de um país estrangeiro. Que bom! O duro vai ser me comunicar com o pessoal que circula pelas ruas, vocês já notaram que todo mundo parece estrangeiro em Curitiba? Realmente, quando se encontra um conhecido a alegria é a mesma como se o encontro ocorresse em Calcutá. Em qual estamos? Numa rua curitibana!

O bom aqui da Nostalgia é que a gente vai para onde quer. Podemos pegar um bonde em frente da sorveteria Pólo Norte lá no Bacacheri – sem medo de encontrar a vaca perdida – e vir parar na Praça Tiradentes. A mesma condução pode ser apanhada no Seminário, no Portão ou no Prado, que se acaba chegando à mesma praça. Com imagens da velha Tiradentes é que resolvemos ilustrar a página deste domingo, homenageando a florada dos ipês que acontece na cidade inteira, em seu tempo certo.

A fotografia número 1 foi feita em 1935, quando a Praça Tiradentes tinha passado por uma grande reforma e também quando foram plantados os ipês, que muita gente acha que são bem mais velhos do que seus setenta e dois anos de idade. A imagem foi gravada do alto de uma das torres da Catedral, em direção à Rua Marechal Floriano. Podemos notar que a Cândido Lopes ainda não havia sido aberta.A segunda imagem, também feita do alto da torre da Catedral, mostra o público reunido, na praça, para algum ato religioso no final da década de 1940. O destaque na paisagem é o edifício na esquina da Rua Monsenhor Celso, que estava sendo aumentado em mais um andar.

A terceira foto mostra inúmeros curitibanos esperando o bonde, para voltar para casa, na estação que existia na Tiradentes. O bom observador nota a distinção das vestes – devia ser inverno –, os homens de ternos e chapéus e as mulheres elegantemente trajadas com vestidos e casacos. Ano de 1948.

Dez anos se passaram, e a quarta fotografia foi feira em 1958. O mesmo local onde existiu a estação de bondes agora está tomado pelos automóveis, e os bondes deram lugar aos ônibus. Curitiba está prestes a abandonar seus fantasmas do passado para entrar para o rol das megalópoles. Será que pegamos o bonde errado?

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