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Finalmente, o calor chegou junto com o sol abrasador. O mês de janeiro está mostrando o que iremos enfrentar até a chegada do outono. O verão que estamos enfrentando em nada se compara com os de antigamente. O leitor já deve ter notado, ou melhor, sentido na própria pele, o ardume causado pelos raios solares assim que atingem a epiderme. É um verdadeiro açoite, coisa que tempos atrás não ocorria.

Antigamente, até os anos sessenta, quem ficava exposto ao fulgor solar não sofria as agressões que se verificam atualmente. Obviamente, os mais antigos se protegiam da colisão direta dos raios sobre a tez usando chapéus, guarda-sóis, sombrinhas e demais aparatos que proporcionassem uma sombra protetora e, o que é mais importante, evitavam tomar sol entre as dez horas da manhã e as quatro da tarde. Os mais velhos sabiam como proteger os corpos e a saúde.

Em outros artigos já mostramos, no passado, todas as precauções que eram tomadas e que hoje o povo faz vista grossa e ouvidos moucos para proteger e preservar o bem-estar. Dentre os que fazem pouco caso está a juventude da atualidade. Um corpo saudável e bronzeado são os desejos de todos, principalmente das mocinhas que procuram de todas as formas amorenarem-se, sem ter a preocupação que poderão adquirir uma enfermidade na pele de gravíssimas conseqüências.

Ilustramos algumas opções que os curitibanos tinham no passado para enfrentar o calor de outros verões que não chegavam a ser tão agressivos.

Na primeira fotografia, que foi tomada na década de 1920, vemos um grupo de pessoas junto a uma embarcação estacionada na areia da baía de Antonina. Viajaram de Curitiba pela estrada de ferro e, apesar do calor, estão devidamente trajados de ternos, coletes e gravatas. O cavalheiro que está junto à senhora resolveu ficar mais confortável pendurando seu paletó e seu guarda-chuva, usado para se proteger do sol, na corda da proa do barco. Este era um passeio de verão no começo do século passado.

A segunda fotografia, feita logo no início da década de 1940, apresenta a piscina do recém-inaugurado Cassino Ahú. Por muitos anos funcionou como local de banho público e era freqüentada pela piazada de então, principalmente para os que tinham alguns cobres para pagar uns mergulhões numa água nada recomendável.

A terceira imagem nos leva para o mês de fevereiro de 1947. Um aguaceiro de verão proporcionou uma das então famosas enchentes do Rio do Ivo, cujas águas inundaram a Praça Zacarias. Os populares enfrentavam tais calamidades até com um certo bom humor, afinal de contas a chuva trazia um refresco para a canícula daqueles verões do passado.

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Prezado jornalista

Quem vos escreve, da nossa saudosa Curitiba, é o próprio neto do Papai Noel dos anos 20-30, Nicolau José Gravina.

Recebi, no dia de Natal, presente que me emocionou no fundo de meu coração: a reportagem sobre o Rei dos Brinquedos.

Sou o único parente vivo que conviveu com vô Nico até meus 8 anos. Imagine, neto do dono de uma fábrica de brinquedos! Até hoje (74 anos) tenho vivas lembranças daquela época.

Nicolau Gravina nasceu em Socavão, localidade do município de Castro, filho de José Gravina e Gertrudes Carvalho. Perdeu cedo sua mãe Tudinha, como a chamava.

Trabalhou com o pai latoeiro, vendendo artigos de folha por toda a região. Numa destas viagens a Fernandes Pinheiro conheceu a bela, filha também de italianos, Adelina Debenedito, com quem casou e teve duas filhas, Dalila (mamãe) e Diva.

A fábrica localizava-se no Seminário, Rua Bispo D. José, em uma grande chácara onde vô Nico tinha de tudo: vacas, porcos, galinhas... e sobretudo uvas. E que vinho!

Na "cidade" morávamos na Rua XV, 300 (hoje prédio do Banco Santander), que tinha uma ponte suspensa no primeiro andar ligando a residência com a "maravilha das maravilhas", o depósito de brinquedos na Rua 1.° de Março.

Em frente da nossa casa, na Rua XV, morou e teve seu laboratório de análises clínicas, talvez o primeiro de Curitiba, a dr.ª Maria Falce de Macedo. No mesmo local esteve durante algum tempo a Gazeta do Povo, isto no primeiro andar. No térreo era a Loja das Meias (Rua XV, 666!). "Olha o Diário e a Gazeta!", gritava o pequeno jornaleiro.

Com apenas sete, oito anos, eu gostava de andar pela fábrica do Seminário, desde a pintura que ficava na frente e onde moças desenhavam sobre os carrinhos lindas filigranas, até o fundo, o vulcão da fundição.

Vô Nico era amigo dos operários, confraternizava-se com eles, e com alguns fazia excursões pela Serra do Mar, arredores de Piraquara, Alto da Serra, onde dizia faiscar ouro nos rios, desculpa para usufruir as belezas da Mata Atlântica. Muitos deles eram também meus amigos. Me lembro sobretudo de seu guarda-livros, Atanásio Santana, alto, gordo, cabelos brancos, verdadeira figura de Papai Noel.

Há muitos anos acompanho Nostalgia. Enquanto recordarmos nossa cidade antiga, ela estará viva. Faz quatro anos que resido em Jaraguá do Sul, SC, onde não falta felizmente a Gazeta dos domingos.

Muito obrigadoBoas Festas e Feliz 2006

Fernando Gravina MunhozJaraguá do Sul, SC

e-mail: gravina@netuno.com.br

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