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O Circo Sarrasani, quando esteve em Curitiba pelo fim de 1934, apresentava um espetáculo no qual os animais selvagens eram a máxima atração. Hoje, isso seria impossível |
O Circo Sarrasani, quando esteve em Curitiba pelo fim de 1934, apresentava um espetáculo no qual os animais selvagens eram a máxima atração. Hoje, isso seria impossível| Foto:
  • Em 1918, um espetáculo circense foi apresentado no interior do Cine Teatro Palácio, em pleno centro de Curitiba
  • Afluxo de público à sessão de uma tarde de domingo no Pavilhão Carlos Gomes
  • O Pavilhão Carlos Gomes, na esquina da Marechal Floriano com a Pedro Ivo. Em meados dos anos 40
  • Otelo Queirolo na sua caracterização como o palhaço Chic-Chic. A Violeta está sobre o caixote à direita da foto (de 1960)

No começo da minha vida de jornalista, como repórter fotográfico, muitas ve­­zes corria pela cidade à cata de notícias. Um dos pontos preferidos era a visita ao circo dos irmãos Queirolo, que vivia percorrendo os bairros de Curitiba. Com total liberdade, fui fotografando partes dos espetáculos com as caracterizações mais diversas do elenco. Astro principal, o palhaço Chic-Chic, representado pela excelente figura humana de Otelo Queirolo, do qual fiz inúmeras fotos, incluindo uma sequência dele se ma­­quiando no camarim.

Curitiba, como toda a ci­­dade do interior do Brasil, re­­cebia frequentes visitas de circos que eram montados em praças mais centrais, co­­mo a Rui Barbosa e a Ouvidor Par­­dinho. Nessa última, em fins de 1934, instalou-se o que era considerado o maior circo do mundo, o Sarrasani, uma em­­presa faraônica que surgiu na Alemanha no alvorecer do sé­­culo 20. Era uma verdadeira Arca de Noé, tal o volume de ani­­mais que possuía, assim como a variedade de artistas provenientes de todas as partes do mundo. Somente em iluminação elétrica possuía 28.000 lustres de luzes coloridas.

A abertura dos espetáculos era grandiosa. O proprietário do circo, Hans Stosch-Sarra­­sani, entrava no picadeiro principal vestido luxuosamente, como um marajá in­­diano, seguido por catorze ele­­fantes. O Circo Sarrasani tomou, com sua lona, a totalidade da Praça Ouvidor Par­­dinho, também conhecida co­­mo o Campo da Cruz. Em 1950 na Argentina, através de proposta de Eva Perón tornou-se o Circo Nacional Ar­­gen­­tino. Entretanto, sem mais a sua grandeza e pompa de vinte anos passados.

Em agosto de 1942, o prefeito de Curitiba concede al­­vará a Esperândio Domingos Foggiatto para armar pavilhão de circo num terreno per­­tencente a Victor do Ama­­ral, na esquina da Rua Mare­­chal Floriano com Pedro Ivo. Não foi o maior circo que passou por Curitiba, mas foi o me­­lhor que ficou na cidade por quase uma década. O Pa­­vilhão Carlos Gomes, como foi denominado, pertencia ao empresário Adolfo Bianchi e apresentava espetáculos de variedades, em razão da cidade não estar provida de teatros: o Guayra estava desativado assim como o Teatro Hauer, este em razão da guerra.

Por volta de 1946, a trupe dos irmãos Queirolo é contratada para se apresentar na­­quele pavilhão. Ficando ali por mais de três anos com seus números circenses. Chic-Chic, como líder da família, ao encerrar as atividades no pavilhão, tornou a erguer sua própria lona ficando a girar pelos bairros curitibanos. No Circo Queirolo, existiam as famosas touradas, quando nu­­ma jaula que tomava o picadeiro era introduzido um touro com uma estrela grudada na cabeça e era oferecido um prêmio para alguém da plateia que descolasse a dita estrela. Normalmente, eram pequenos grupos de rapazes que se apresentavam para realizar a proeza, sempre sob vibrante torcida da plateia.

Os touros não seriam os únicos animais que faziam parte do espetáculo. Havia ou­­tro que acompanhava o Chic-Chic durante o espetáculo – era uma cadela de pano denominada Violeta, sempre puxada por uma corda em que, de vez em quando, o palhaço dava um puxão apanhando-a em seu colo ao mesmo tempo em que gritava: Pula Violeta!

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