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Grupo formado de participantes de uma churrascada na Cruzeiro, ao lado do barracão onde funcionava o refeitório, em 17 de abril de 1951. Infelizmente, não tenho a informação de onde seria tal grupo de pessoas |
Grupo formado de participantes de uma churrascada na Cruzeiro, ao lado do barracão onde funcionava o refeitório, em 17 de abril de 1951. Infelizmente, não tenho a informação de onde seria tal grupo de pessoas| Foto:
  • O bar do Parque Cruzeiro, algum tempo antes de ser desativado. Atrás do balcão está Luiz Kundy, neto do velho Germano. Recostado aparece Boleslau Mareck, o Boles, o garçom mais conhecido da freguesia
  • As mesas do bosque da Churrascaria Cruzeiro ficavam lotadas nos domingos de bom tempo. Gerações de curitibanos ali se deliciaram com suas famílias e amigos
  • Numa tentativa de rememorar o passado, quando por ali transitavam os bondes de mulas, vemos um veículo imitando os que existiram. A foto é do dia do aniversário da cidade no início dos anos oitenta
  • A imagem nos mostra o movimento de automóveis atravancando a Avenida do Batel, numa tarde de domingo. Tal fato acontecia após o fechamento da Rua XV, que eliminou a circulação de veículos por aquela via
  • A banda anima a festa na Avenida do Batel, num dos domingos em que a rua era fechada para eventos destinados ao público, principalmente o infantil

As conversas entabuladas nos bares e cafés da vida, geralmente, acabam em relembranças dos tempos já vividos. De tempos já venho sendo instado a escrever alguma coisa mais volumosa sobre o bairro do Batel, onde nasci e vivo até hoje. Entre os que me cobram tal empreitada está o José Maria Garmatter, antigo frequentador da Churras­­caria e Parque Cruzeiro, ambiente tradicional do Batel e que desapareceu há quase vinte e cinco anos.

Tenho de retornar aos meus 5 anos de idade, piá guloso que frequentava o bar da churrascaria em busca dos sorvetes que o velho Germano Kundy preparava na sorveteira, sempre com um charuto baiano entre os dentes. O tal sorvete era uma delícia, apesar de não chegar nem perto dos cremosos de hoje em dia.

Era o início da década de 1940, a guerra estava comendo solta na Europa. No Batel, o único barulho que se ouvia mais intenso era causado pelos bondes elétricos ao rolar pelos trilhos. No pós-guerra o bairro foi crescendo devagar, as indústrias mais importantes que por ali existiam eram os engenhos de beneficiar erva-mate e as duas fábricas de macarrão, a Todeschini e a Turin; havia também a fábrica Kosmos de cera e graxa para sapatos, as duas padarias, uma da família Bürgel e outra do Drongeck; as importantes fábricas de cervejas Cervejaria Providência e Cerve­­jaria Cruzeiro. Ambas possuíam bosques, onde se realizavam festas particulares.

Mais antiga, inaugurada ainda no século 19, a Cervejaria Cruzeiro possuía um bar, onde eram degustados seu produtos. Esse bar preservou suas características através de décadas, até desaparecer em meados de 1980. Nos fundos, existiam dois barracões, e num deles funcionou talvez o primeiro clube de bolicheiros da cidade: o Batel Boliche Clube. No outro barracão, estava instalada a churrascaria, onde, além do filé, era servida uma das mais apreciadas iguarias: a famosa costela de ripa, sempre acompanhada de saladas; a de batatas foi a mais famosa que existiu em Curitiba.

Frequentei aquele ambiente até o seu fechamento, quando foi deflagrado um movimento pela imprensa e pelos meios culturais para que tal encerramento não ocorresse – o que infelizmente aconteceu. A estrutura do velho prédio ainda está lá, apesar de o ambiente ter sido totalmente descaracterizado. Resta aos saudosistas apenas a nostalgia dos bons tempos em que funcionou ali uma das melhores churrascarias que já existiu em Curitiba, tendo apenso o seu não menos famoso bar. A frequência atual estará sempre mesclada com os fantasmas dos que tiveram, naquele ambiente, suas melhores horas de lazer.

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