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Quantas vezes já não ouvimos a frase acima. Normalmente usada pelos políticos, quando fazem aquelas célebres promessas. Tomar providência em Curitiba na primeira metade do século passado bem podia significar outra coisa, seria uma espumante cerveja fabricada pela Cervejaria Providência, estabelecida na Rua Francisco Rocha, em pleno Batel.

Hoje vou abordar a antiga cervejaria, pela curiosidade que gerou quando escrevemos sobre o antigo Parque da Providência, que ficava, em parte, na região que estão pretendendo abrir ruas no Batel. Um grupo de estudantes – que pretende fazer um trabalho sobre as cervejarias que existiram e de que maneira a população consumia seus produtos – me procurou para obter maiores detalhes sobre o funcionamento dessa indústria.

Cheguei a conhecer, no meu tempo de piá, as duas cervejarias quase vizinhas dentro do Batel, a Cervejaria Cruzeiro, da família Leitner, que já estava sendo desativada por ter sido vendida para a Brahma; e a Cervejaria Providência, a qual vi funcionar ainda na sua plena atividade. Lembro perfeitamente as vezes que fui buscar lêvedo de cerveja, que era obrigado a ingerir por ser bom para a saúde. Essa levedura, ou fermento, também era usada para o fabrico de pão caseiro.

O consumo de cervejas em Curitiba era relativamente grande para o tamanho da população, mas há de se notar que os grandes consumidores eram os componentes das colônias alemã e polaca. Além de existirem inúmeras cervejarias na cidade, muitas famílias produziam as suas próprias bebidas – as ditas caseiras –, usando ingredientes geralmente importados, como a cevada e o lúpulo. Das feitas em casa, a mais comum era a do tipo malzebier, escurecida pelo açúcar mascavo.

A distribuição ao comércio varejista era feita com carroças, tanto para os bares como para os armazéns. Nos botequins da periferia, as garrafas eram armazenadas em uma espécie de adega escavada na terra, abaixo do assoalho. Cada vez que um freguês pedia uma cerveja, o botequineiro abria um alçapão e apanhava uma garrafa com o líquido refrescado, não se tomava cerveja gelada.

Algumas cervejarias tinham a par um bosque onde se permitiam os piqueniques e convescotes, desde que os participantes consumissem as bebidas fornecidas pela própria cervejaria. Em Curitiba, alguns desses locais marcaram época. No Juvevê, havia o Parque Graciosa, da família Iwersen, onde funcionou o famoso Barcarola. Na Avenida do Batel, o Parque Cruzeiro, da família Leitner, que continha um pequeno bosque ao lado de um bar e restaurante. Na mesma avenida, já na Pracinha do Batel, ficava a entrada do Parque da Providência, que pertencia à cervejaria, cuja fábrica tinha a frente para a Rua Francisco Rocha. O Parque da Providência, assim como a cervejaria, eram propriedade de Ernesto Bengtsson.

Das fotografias apresentadas na Nostalgia de hoje, as duas primeiras foram cedidas pela diretora do Museu Paranaense, Eliana Moro Réboli, a qual agradecemos a gentileza.

A primeira foto mostra o balcão e o estoque para venda ao público da cerveja Providência, cujos rótulos tinham, ao lado da marca, o desenho de um triângulo cercando um olho. Isto simbolizava o onipotente junto ao nome, que dubiamente dava idéia de aprovisionamento.

A segunda foto apresenta a edificação onde funcionava a Cervejaria Providência, tendo anexa a residência da família do proprietário. A fachada da fábrica estava voltada para a Rua Francisco Rocha, que na época nada mais era do que um caminho de carroças. Tanto esta foto como a anterior são da primeira década do século passado.

Nas terceira e quarta fotos, mostramos mais duas cervejarias curitibanas. A Cervejaria Cruzeiro (vista pelos fundos), em 1920; e a Cervejaria Atlântica, com as carroças e carrinhos de entrega estacionados na sua frente, em 1925. Hoje, neste local funciona a fábrica da Brahma.

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