Vista aérea de parte dos bairros Água Verde e Batel em 1940. Essa região, na atualidade, estará dentro da zona de exclusão durante a Copa| Foto: Acervo Cid Destefani
Avenida Água Verde e o cemitério ao fundo, em 1937
Avenida Iguaçu, entre as ruas Ângelo Sampaio e Bento Viana. Em 1952
Avenida Iguaçu, vista da Rua Buenos Aires em direção ao bairro. Em 1942
O antigo Paiol da Pólvora. Hoje no local está a Arena da Baixada. Foto de 1910
Rua Buenos Aires num domingo de Atlétiba, em dezembro de 1945
Obras da Copa de 1950. Limpeza do Rio Belém, em frente do Estádio do Ferroviário, na Vila Capanema
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O ambiente está fervendo e não é só no Caldeirão. O bairro Água Verde e adjacências se encontram em ebulição, e o assunto não poderia ser outro: Copa do Mundo. Pelas esquinas, os curiosos observam as obras que reviram as velhas calçadas; assim como o trânsito caótico que impera nas ruas onde o asfalto é refeito. Por todos os quadrantes a conversa é uma só, e o assunto predominante é sobre a zona de exclusão exigida pela Fifa.

Tem morador revoltado com as imposições sobre a circulação pelas ruas e o acesso as suas residências. Durante os jogos, vai ocorrer um verdadeiro toque de recolher. Alguns até lembram que durante a Segunda Guerra, quando eram feitos exercícios de blackout, a população era obrigada a ficar às escuras e não podia caminhar pelas ruas. Outra exigência é para que obras que estejam em andamento fiquem paradas e sejam ocultas por tapumes de metal. assim como todo terreno baldio ou casas que estejam em estado de abandono.

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A razão de tudo isso? Simples. A Fifa não deseja que os turistas que virão assistir aos jogos não fiquem chocados com imagens negativas que o entorno da Baixada possa apresentar, ou seja: o presépio tem de estar enfeitado para inglês ver. O Estádio Joaquim Américo será o epicentro de um círculo com dois quilômetros de raio reservado para a zona de exclusão e que atinge, além do Água Verde, também o Rebouças, o Batel, chegando ainda ao Centro da cidade. Em todo esse espaço haverá restrição na circulação de veículos, além, obviamente, de outras ruas em que a Fifa achar por bem impedir o movimento de qualquer tipo de condução.

Em bares, barbearias e outros estabelecimentos onde os moradores dos bairros se encontram, o papo não é outro; com o comentário de que durante a Copa todos perderão seus direitos de cidadania. Ou seja: não serão donos do próprio nariz. O acesso ao Hospital Pequeno Príncipe só poderá ser feito a pé e ainda acompanhado por um dos policiais que estarão fazendo a segurança na zona de exclusão. Outro hospital que terá problemas é a Maternidade Victor do Amaral. Mais uma coisa que está intrigando os moradores é o uso das igrejas na região. Dia de jogo não vai ter missa?

Quem está dentro do círculo atingido pelas exigências é o Cemitério da Água Verde, e aí fica a pergunta: não será permitida a movimentação nos guardamentos? Ou então: não serão admitidos funerais nos dias em que houver jogos, cumprindo a exigência de não haver movimentação alguma nos tempos que antecedem às partidas em quatro horas e depois dessas, mais duas horas?

A Fifa ainda se reserva o direito de não permitir o funcionamento de casas comerciais, principalmente aquelas que vendem produtos que concorrem com os que patrocinam o evento futebolístico; por exemplo, bebidas de marcas diversas a que é indicada pela entidade promotora. Outra coisa que será executada, principalmente nas fachadas dos bares onde houver placas, cartazes, faixas e outras referências a produtos que indiquem concorrência, as mesmas serão devidamente cobertas para que ninguém as veja. Aqui gostaria de dar um palpite: a Fifa poderia fazer como as igrejas católicas tratam suas imagens durante a Quaresma, quando as imagens são cobertas por um pano roxo. Assim sinalizando luto. Aliás, os próprios comerciantes poderiam se encarregar dessa decoração fúnebre, para deixar marcado o prejuízo que levarão em razão de seus estabelecimentos se encontrarem dentro da zona... de exclusão.

As fotografias que apresentamos neste domingo são do Bairro Água Verde e uma da Vila Capanema.

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