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 | Júlio César de Souza
| Foto: Júlio César de Souza

Ele é um dos mais badalados e requisitados cabeleireiros do país. Saiu do interior do Paraná há mais de quatro décadas para conquistar, literalmente com as próprias mãos, a maior cidade do Brasil e uma clientela endinheirada e superexigente. Por elas – as mãos – já passaram algumas cabeças estreladas, como Gisele Bündchen, Paris Hilton e Yoko Ono. Natural de Maringá, Wanderley Nunes (foto), 54 anos, pai de Driely, 29, arquiteta, e de Pedro, 26, piloto de corrida e administrador, comanda o Studio W, em São Paulo, eleito recentemente o único salão brasileiro entre os melhores do mundo pela Harper’s Bazaar americana. Precisa dizer mais? Sim. Ele também acaba de ser eleito um dos profissionais da década na homenagem realizada no último dia 8 em comemoração aos dez anos da Beauty Fair. Isso significa que é uma das pessoas que mais contribuíram para o desenvolvimento do setor de beleza no Brasil. Sempre agitado, Wanderley abriu há quase dois anos uma filial de seu salão em Curitiba, no Shopping Crystal, que lhe estendeu tapete vermelho. Uma vez por mês, sempre aos sábados, ele vem a Curitiba para atender suas clientes daqui e de cidades vizinhas. É bate-volta. Passa o dia atendendo e vai embora à noite. Numa dessas vindas, Wanderley falou à coluna.

Como iniciou na profissão?

Nasci dentro do salão de beleza do meu pai, que foi barbeiro por 80 anos. Sou caçula de nove irmãos e dormia no salão porque não tinha cama para mim em casa. Isso em Maringá, onde nasci. Logo comecei a me interessar e a aprender tudo sobre corte, coloração e outras técnicas, até perceber que era minha grande paixão. Hoje, tenho a melhor rede de salões de beleza, em São Paulo, chamada Studio W, onde atendemos 40 mil pessoas por mês, e o primeiro salão com a minha marca fora da capital paulista, que é o W Crystal, em Curitiba, que fará dois anos agora em outubro.

Quantos salões são e quantos funcionários?

Tenho 1.100 funcionários ao todo. No W Crystal, são 17.

Pode abrir o faturamento?

Posso abrir que tenho um lucro de 10% em cima do que o cliente consome. E trabalho seis meses para o governo.

O que o fez abrir um salão aqui?

Acredito que o curitibano tem bom gosto. Se eu fosse o meu cliente, escolheria sempre o melhor salão de beleza, com os melhores profissionais, mesmo que isso signifique ir menos vezes ao salão. Qualidade em primeiro lugar.

Como vê o mercado de beleza em Curitiba?

Vejo o mercado de um modo geral, não somente o da beleza. A cultura do curitibano é de economizar. Mas sei que isso pode mudar, pois é uma cidade em desenvolvimento e muito receptiva. Curitiba é um desafio, mas é algo próprio de cidade que está se desenvolvendo. Gosto desse desafio. Estou me adaptando ao mercado.

Quais as cabeças mais célebres que já teve nas mãos?

Prefiro falar dos cabelos mais bonitos que fiz em pessoas famosas, como Gisele Bündchen, Yoko Ono, Paris Hilton e mais de mil personagens caracterizados para filmes e novelas.

Você atende algumas clientes famosas, Claudia Raia, por exemplo. Como foi a transformação dela para a próxima novela das 7?

A Claudia Raia fará uma vilã cômica e para este papel deixei os fios loiros. Foi bastante sofrido chegar ao resultado ideal, pois ela sempre teve cabelos muito escuros. Foi um trabalho realizado aos poucos, que levou cerca de 15 dias para ficar pronto. Mas tudo deu certo.

Recentemente você liderou um movimento de donos de grandes salões contra a formalização da mão de obra do setor. Quais foram os desdobramentos?

Na verdade não foi um movimento. O que promovi foi um ato cívico para melhorar a situação do país. O governo tem uma atitude com os profissionais da área da beleza que considero inadequada. Não tem cabimento um profissional ganhar 50% sobre um serviço e ainda ter vínculo empregatício. Ainda não vi em nenhum lugar do mundo uma manicure querer ganhar mais de 80% sobre o serviço prestado sendo registrada. Há algumas semanas, eu e representantes de grandes salões, inclusive de Curitiba, estivemos com o ex-­presidente Lula. No Paraná, por exemplo, 90% dos profissionais não pagam imposto e aí são os salões grandes, como o W Crystal, que bancam essa conta.

O que é, para você, um cabelo bonito?

Com brilho, vida e que combina com a alma, o estilo e o padrão da pessoa.

Pra terminar, quanto custa cortar ou arrumar o cabelo com você?

Meu preço é de R$ 300, 40% a menos que São Paulo. Mas nosso preço mais barato no W Crystal é R$ 120 para mulher e R$ 95 para homem. Os concorrentes falam para as clientes que cobramos R$ 1 mil (risos).

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