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Lembrado pelo ex-presidente Lula como instrumento num eventual combate às manifestações pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff, o “exército” do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vive um período adormecido. Com menos militantes em seus acampamentos, os sem-terra reduziram o número de invasões e chamam mais a atenção por ações pontuais, como a invasão da empresa que desenvolvia mudas de eucalipto no interior de São Paulo, na semana passada, do que por mobilizações coordenadas pelo país, antes frequentes.

O número de acampados, considerado o grupo de militantes mais ativo, é 25% menor do que há dez anos (90 mil famílias contra 120 mil). Diante disso, uma das preocupações do MST tem sido a criação de escolas para a formação política de seus militantes. Apenas pela Escola Nacional Florestan Fernandes, em Gurarema (SP), passaram 24 mil alunos em dez anos.

A perda de poder do MST, segundo o cientista político paraguaio Miguel Carter, ex-professor da American University e que há mais de 20 anos estuda o movimento, é consequência do tratamento que o governo deu à reforma agrária nos últimos quatro anos. No primeiro mandato de Dilma, foram assentadas apenas103.746 famílias. Já o governo Fernando Henrique Cardoso assentou 287.994 famílias no primeiro mandato e 253.710 no segundo. Com Lula, foram 381.419 no primeiro governo e 232.669 no segundo.

“Ficou mais difícil recrutar pessoas para os acampamentos porque o governo não está distribuindo terra. As pessoas não querem acampar sem ter uma vantagem”, diz Carter.

Com menos acampados, o MST reduziu as invasões no governo Dilma. Segundo dados contabilizados pela Pastoral da Terra, foram 148 ocupações em 2011, 128 em 2012 e 90 em 2013 (último dado disponível).

Os líderes do MST garantem, porém, que o poder de mobilização é o mesmo do passado e que a base do movimento hoje é formada por quase 500 mil famílias, considerando, além dos 90 mil acampados, outros 400 mil assentados.

“A conjuntura é outra. Lutar sempre será o nosso lema. Formas e jeitos mudam”, afirma Atiliana Brunetto, da coordenação nacional do MST.

O MST possui mais de 40 unidades de formação de quadros espalhadas pelo país. Mas é na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), localizada em Guararema, no interior de São Paulo, que os dirigentes do movimento são preparados.

Decorado com imagens de ícones da esquerda como Che Guevara, Fidel Castro, Carlos Marighella e Frida Khalo, o espaço de 11 hectares oferece cursos variados, todos com viés ideológico de esquerda.

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