Balas de borracha e bombas feriram mais de 200 pessoas.| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo

A chamada “Batalha do Centro Cívico”completa hoje cinco meses e o Inquérito Policial Militar (IPM) que apura os abusos policiais naquele dia ainda não foi concluído. Enquanto isso, o coronel Arildo Luís Dias e o tenente-coronel Hudson Teixeira, que comandaram a operação militar ocorrida no dia 29 de abril, “caíram para cima”.

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O primeiro deixou a corregedoria da Polícia Militar do Paraná (PM) naquele dia para assumir o comando da operação que acabou em confronto com os professores estaduais. Hoje, ele ocupa o terceiro cargo mais importante da corporação, a chefia do Estado Maior.

100 imagens da greve dos professores

Relembre a paralisação da categoria no Paraná neste ano, incluindo a ação desproporcional da Polícia Militar no dia 29 de abril.

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O que diz a PM

“Não existe uma conduta individualizada de qualquer um dos oficiais nominados que possa definir a complexidade dos fatos ocorridos em 29 de abril deste ano”, afirmou a instituição, por meio de nota.

Já Teixeira usufrui de seu direito de ingressar no quadro de acesso de promoção e está no Curso Superior de Polícia da Academia Policial Militar do Guatupê (APMG). Ele era comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) durante a operação e está a um passo de se tornar coronel, ainda neste ano. No ano passado ele foi promovido de major para tenente-coronel.

Esses fatos estão publicados em Diário Oficial do Executivo e no Boletim Geral da PM, publicação interna da polícia. Os dois e o ex-subcomandante geral da PM, coronel Nerino Mariano Brito, foram responsabilizados pela violência registrada na operação pelo Ministério Público Estadual. Mais de 200 pessoas ficaram feridas durante a repressão às manifestações dos servidores públicos.

De acordo com o Ministério Público, que abriu uma ação civil pública contra o governador Beto Richa, o ex-secretário de Segurança Pública Fernando Francischini e os policiais, Nerino teria sido o “principal responsável” pela operação policial. E Teixeira e Arildo seriam executores da ação policial no dia 29, “tendo parcial autonomia em relação a seus desdobramentos”.

Após a operação, Nerino foi colocado à disposição da Diretoria de Pessoal da polícia, mas hoje dá aulas na APMG. Na grade de horários da Academia, entre os dias 14 e 25 deste mês, ele aparece como responsável pela matéria “Doutrina de Emprego”, ministrada ao segundo ano do Curso de Formação de Oficiais (CFO).

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A cadeira tem o objetivo de explicar como funciona a aplicação do efetivo da PM tanto de maneira preventiva, para evitar crimes, patrulhas, entre outras ações, como repressiva, quando é necessário o uso da força. Ela é considerada uma das mais importantes da grade curricular, pois mostra o caminho teórico e prático do emprego dos policiais nas ruas.

Respostas

Os oficiais e a PM foram procurados pela reportagem para comentar os fatos. De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, o inquérito policial militar está em fase final. Sobre os oficiais que comandaram a ação, a PM, por nota, afirmou que “não existe uma conduta individualizada de qualquer um dos oficiais nominados que possa definir a complexidade dos fatos ocorridos em 29 de abril deste ano.”

Na Justiça

A ação civil pública por improbidade administrativa proposta pelo MP já está na 5.ª Vara da Fazenda de Curitiba. Ela foi repassada a esta vara após o juízo da 3.ª Vara da Fazenda Pública alegar que poderia haver decisões conflitantes, já que na 5.ª tramita também uma ação proposta pela Defensoria Pública do Paraná sobre o tema.

Segundo informações apuradas pela reportagem, a defesa prévia de todos os acusados ainda é aguardada. Só depois, a juíza da 5.ª Vara Patricia de Almeida Gomes Bergonse poderá aceitar ou não a ação.

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