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Pontífice

Papa pede que os brasileiros se mobilizem contra o crime

Folhapress

O papa Francisco pediu ontem aos brasileiros que se mobilizem contra "a praga social" que representa o tráfico de seres humanos, pois "a dignidade é igual para todos", em mensagem que enviou aos fiéis devido ao início do período da Quaresma.

"Não é possível permanecer indiferente sabendo que há seres humanos comprados e vendidos como mercadorias! Levemos em conta as crianças que têm seus órgãos retirados, as mulheres enganadas e obrigadas a se prostituir, os trabalhadores explorados, sem direitos, sem voz", lamentou o pontífice em sua mensagem.

"Chegando a esse ponto, é necessário um profundo exame de consciência: quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado um objeto, exposto para ser vendido como um produto ou para satisfazer desejos imorais?", acrescentou o papa argentino, para responder que aqueles que usam e exploram os seres humanos indiretamente se tornam cúmplices do abuso.

Francisco também pediu aos fiéis brasileiros que reflitam sobre a existência desse abuso no plano familiar. "Pais que escravizam seus filhos, filhos que escravizam seus pais, cônjuges que esqueceram o chamado desse dom, se exploram como se fossem produtos de consumo, de usar e descartar; idosos sem um lugar na sociedade e crianças e adolescentes sem voz", enumerou Francisco, que ressaltou a grande quantidade de ataques aos quais estão expostos os valores da família e da convivência social.

Com o tema "Fraternidade e Tráfico Humano", a Campanha da Fraternidade de 2014 foi oficialmente lançada ontem pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A campanha termina dia 13 de abril, marcando o início da Quaresma. Por 40 dias, o tema será discutido nas paróquias e relembrado nas missas, mas o convite a refletir sobre o assunto é feito a toda a sociedade e já começa a ganhar corpo em algumas instituições.

A Igreja Católica lançou a campanha, que tem como o lema "Cristo nos libertou para que sejamos livres", para incentivar as pessoas a denunciarem crimes relacionados ao tráfico humano, além de gerar o debate sobre o tema em relação a políticas públicas. Dom Moacir José Vitti, arcebispo de Curitiba, informou, em entrevista coletiva concedida ontem, que entidades que se dedicam ao atendimento de vítimas do crime terão apoio da Igreja. "Todas as paróquias, todos os agentes e líderes cristãos são convocados para esse trabalho de conscientização", reforça o arcebispo.

No Colégio Marista Paranaense, por exemplo, o tema já está sendo debatido. Alunos do Ensino Médio da escola vão produzir artigos científicos sobre o tráfico de pessoas, em uma abordagem multidisciplinar que vai envolver as matérias de História, Geografia, Sociologia, Filosofia e Ensino Religioso.

A equipe pedagógica do colégio, que sempre trabalha os temas das campanhas da CNBB com os alunos, viu no tema uma oportunidade para debater cientificamente o assunto com os estudantes. "Os adolescentes já ouviram falar muito do tema, mas queremos, com a proposta, que eles tenham uma noção mais clara do assunto", analisa Marco Boin, coordenador psicopedagógico do Ensino Médio do colégio.

Cerca de cem grupos de trabalho foram formados para pesquisar sobre o assunto. Em agosto, os melhores trabalhos, analisados por uma banca com professores da PUCPR, serão apresentados à comunidade. "Conhecendo mais, os alunos ficarão mais vigilantes sobre o tema", afirma Boin.

O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, afirmou que a exploração da pessoa é uma realidade aviltante que não está tendo suficiente atuação das autoridades. "Temos no Brasil delitos perversos que só se pode combater se tivermos grande consciência social", advertiu.

Exploração

O texto-base da Campanha da Fraternidade enumera quatro tipos de exploração de pessoas: exploração no trabalho, tráfico de drogas, exploração sexual e exploração do trabalho de crianças e adolescentes.

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