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São Paulo – O julgamento de Suzane von Richthofen começa amanhã, às 13 horas, no Fórum da Barra Funda, na zona norte de São Paulo. Ao longo de pelo menos dois dias, promotores e advogados de defesa vão se engalfinhar em uma guerra pela explicação mais convincente para a dúvida que há quatro anos intriga o país: o que levou aquela menina a abrir a porta de casa para que o namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Christian, entrassem e matassem seus pais com golpes de barras de ferro?

A acusação arrolou como testemunhas policiais e parentes de Suzane – entre eles o irmão, Andreas – para provar que o engenheiro Manfred von Richthofen e a mulher, Marísia, foram golpeados enquanto dormiam porque tinham em casa uma filha capaz de planejar o crime para pôr as mãos na herança da família. E a defesa convocou amigos de faculdade, vizinhos da família e uma ex-empregada para entrar em campo, descrevendo a trajetória de uma moça de conduta irretocável e temperamento doce, mas de cabeça virada por influência do rapaz que a iniciou na vida sexual e no uso de drogas.

O destino de Suzane e dos irmãos Cravinhos será decidido por 7 jurados, sorteados de uma lista de 21. Acusação e defesa podem recusar, cada uma, até três pessoas. E a briga já começa nessa fase. "Vou recusar homens e escolher mulheres. Só elas entendem como Suzane foi dominada pelo poder sexual de quem tirou a sua virgindade", afirma o advogado de defesa Mauro Otávio Nacif. "Não adianta tentar artifícios. O júri será trabalhado juridicamente e o debate vai ser sobre a fixação da pena", rebate o promotor Roberto Tardelli.

Repercussão

Três anos e sete meses depois do assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen, ex-funcionários, vizinhos e amigos da família ainda evitam falar no assunto. Mesma atitude têm aqueles que, em decorrência do crime, tiveram algum contato com Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel e Christian Cravinhos. Entre as pessoas que, por acaso, foram envolvidas em uma das histórias policiais mais famosas já registradas em São Paulo, a opinião é consenso: quanto menos se comentar o caso, mais depressa ele cairá no esquecimento.

"Quero deixar todo aquele período para trás. Foram dias terríveis. Fiquei muitas noites sem dormir. Não acompanho os noticiários nem quero saber o resultado desse julgamento. Temos de entregar para Deus e esquecer tudo isso. Por favor, não ligue mais", reagiu uma pessoa que não quis ser identificada. Ela trabalhou com o engenheiro Manfred, pai de Suzane, e se tornou avessa a entrevistas.

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