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O trio não esteve presente durante toda a sessão, pois testemunhas de acusação pediram a saída dos acusados antes de depor | Osmar Nunes/Gazeta do Povo
O trio não esteve presente durante toda a sessão, pois testemunhas de acusação pediram a saída dos acusados antes de depor| Foto: Osmar Nunes/Gazeta do Povo

Guaíra - Os três acusados de matarem 15 pessoas e deixarem outras oito feridas na maior chacina da história do Para­ná, ocorrida em 22 de setembro do ano passado, começaram a ser julgados ontem no tribunal do júri do fórum da comarca de Guaíra. O juiz que preside o julgamento, Wendel Fernando Brunieri, prevê a conclusão dos trabalhos para amanhã, no fim da tarde ou início da noite.

No primeiro dia do júri, o clima foi tranquilo dentro e fora do fórum. Poucos familiares das vítimas foram acompanhar o ato. A direção do fórum limitou o acesso ao plenário em 50 senhas, mas sempre havia cadeiras vazias. Seis mulheres e um homem formam o corpo de jurados. No plenário e fora dele, policiais civis, militares e federais fazem a segurança.

O trio acusado de tramar e executar a chacina – Jair Correa, o Neno; Ademar Fernando Luiz, o Dubreik; e Fabiano Alves de Andrade, o Buiu – permaneceu no tribunal apenas na abertura dos trabalhos. Em seguida, começaram os depoimentos das oito testemunhas de acusação e elas pediram para depor sem a presença dos acusados. Na defesa foram arroladas cinco testemunhas. No meio da tarde começaram os interrogatórios dos acusados, que voltaram a confessar a participação direta na ocorrência.

A chacina aconteceu entre 7h30 e 13h30, uma segunda-feira, na chácara às margens do Lago de Itaipu, distante cinco quilômetros do centro de Guaíra, onde morava Jossimar Marques Soares, o Polaco, 41 anos. No local funcionava um ponto de despacho de drogas e, segundo os autos, os crimes teriam sido motivados por uma dívida de R$ 4 mil e vingança. Alguns meses antes, Dirceu de Souza Pereira, afilhado de Jair Correa, foi morto a tiros supostamente por pessoas ligadas a Polaco. Correa ficou sabendo que naquela segunda-feira seria realizada uma reunião na chácara e resolveu chegar antes, junto com os dois comparsas.

Uma das sobreviventes, L.G., 17 anos, foi a primeira a depor e a que mais se emocionou. Ela disse que foi uma das primeiras a chegar ao local naquele dia com o marido, Marcos Rogério dos San­tos, o Febrônio, e uma filha de um ano e sete meses. Foram dominados e levados para a sala da casa, onde ficaram até perto do meio-dia. E reafirmou: o trio ia matando quem chegasse. Ela escapou porque conseguiu abrir a porta da sala e correr quando o marido brigava com os criminosos antes de ser morto. Entre os mortos estavam uma mulher e três menores.

O trio de acusados foi preso poucas semanas após a chacina e permanece preso em Cascavel. Com a mesma frieza com que eles teriam cometido os crimes, segundo as testemunhas, eles admitiram envolvimento no caso, porém não souberam precisar quem matou quem. Já os sobreviventes são oito, incluindo duas crianças.

O Ministério Público informou que vai pedir pena máxima para cada um deles por 15 homicídios e oito tentativas de homicídio, podendo a pena passar de 300 anos para cada acusado. O advogado da defesa, Luiz Cláudio Nunes Lourenço, informou que vai pedir a absolvição dos réus em alguns casos e tentará reduzir a pena em outros.

Para hoje está prevista a leitura de algumas partes do processo e o debate entre defesa e acusação. Na quarta-feira deve ocorrer a votação dos jurados e a leitura da sentença.

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