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Os outros orgânicos

Existem produtos industrializados que também já são produzidos na cultura orgânica. O arroz, o café e o açúcar e até vinhos são alguns exemplos. O professor de Agronomia e Zootecnia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Claudio Ushiwata, explica que o café convencional, por exemplo, consegue mascarar o gosto de alguns agrotóxicos usados na produção, porque passa pelo sistema de torrefação.

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Tomate com gosto de tomate. Salsinha com sabor de salsinha. Os produtos da horta do tempo da vovó hoje são chamados de orgânicos. Mas mantêm a mesma essência: preservam o sabor original de frutas, legumes e hortaliças.

O refinamento do paladar é o primeiro argumento para justificar a troca dos produtos convencionais pelo tipo orgânico. "Quando uma pessoa é acostumada a comer somente orgânicos, ela não consegue usar os produtos convencionais. Já o inverso, no início não sente tanta diferença, pois as papilas gustativas estão prejudicadas", explica o professor de Agronomia e Zootecnia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Claudio Ushiwata. "Há uma grande diferença entre o ovo convencional e o orgânico. A gema chega a ser alaranjada e o sabor indiscutivelmente melhor", afirma a psicóloga Marília Poblade, que passou a freqüentar as feiras orgânicas para levar alimentos mais saudáveis para casa.

O consumo dos orgânicos também tem respaldo na questão ambiental, já que não utiliza agrotóxicos e reduz os níveis de contaminações do solo e da água. Porém, como nem todos os produtos disponíveis hoje são produzidos no modo orgânico, há que se optar pelo equilíbrio. "Eu prefiro os orgânicos. Mas raramente você consegue consumir uma pêra ou melão sem agrotóxicos", diz a psicóloga Luciana Deutsher, que frequenta a feira de orgânicos da Praça do Japão. Nestes casos, Ushiwata sugere optar pelas frutas da estação, que normalmente têm menos produtos químicos.

No caso do tomate, da batata e do morango, cujas culturas convencionais exigem uso pesado de agrotóxicos, o ideal é buscar sempre a versão orgânica. "Mesmo lavando o tomate, por exemplo, ou deixando-o de molho em água sanitária, não será possível eliminar os agrotóxicos. Têm alguns produtos usados na agricultura que são chamados de sistêmicos, ou seja, eles entram no sistema da planta, que acaba absorvendo os agrotóxicos".

Conhecer um pouco do ciclo de produção do cardápio utilizado em casa pode ajudar o consumidor a melhorar a qualidade da alimentação, sem gastar muito mais com isso, já que os orgânicos custam, em média, 30% a mais do que os comuns. Existem alguns alimentos convencionais que têm menos agrotóxicos, como banana, pêssego, maçã, ameixa e nectarina. Isto porque muitos deles são produzidos no sistema integrado, o qual tenta reduzir ao máximo a aplicação de químicos. Assim, não há uma diferença significativa entre consumir orgânicos ou convencionais, já que os agrotóxicos usados na produção podem ser eliminados quando as frutas são descascadas.

Até mesmo porque os orgânicos não são 100% livres de agrotóxicos. A doutora em tecnologia de alimentos e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná, Sônia Cachoeira Stertz, constatou na tese de doutorado que 10% dos alimentos orgânicos pesquisados apresentam algum tipo de contaminação. "O princípio ativo de alguns agrotóxicos é persistente no meio ambiente. Ele demora mais de anos para se degradar. Aí o agricultor produz com princípios orgânicos, mas encontra o solo e o mananciais contaminados."

Outro ponto importante que Sônia destaca é a confusão que alguns consumidores fazem entre orgânicos e hidropônicos. "Ambos são embalados de maneira parecida, o que confunde o consumidor. Mas o hidropônico têm 43% a mais de agrotóxicos quando comparado ao orgânico. E tem ainda mais químicos que o convencional", explica.

Mesmo quanto a quantidade de nutrientes, Sônia lembra que não é possível generalizar. Alguns convencionais têm a mesma quantidade de vitaminas presentes nos orgânicos. "São casos específicos que dependem do tipo de alimento."

No fiel da balança, os orgânicos ainda têm vantagem quando o assunto é saúde. "Alimento nutritivo e livre de contaminantes é essencial para a prevenção de doenças", diz Sônia. Ushiwata diz que é preciso mudar os conceitos. "Se levarmos em conta o preço de uma consulta médica, os produtos orgânicos são baratos e ainda garantem saúde a longo prazo", comenta. "A principal vantagem é que é mais saudável. E hoje está mais fácil de encontrar", diz o bancário aposentado Yoshio Matsumoto, consumidor de orgânicos.

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Serviço: confira os horários e locais das feiras orgânicas em Curitiba no site www.curitiba.pr.gov.br

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