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 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A expressão “comer com os olhos” tem mesmo um fundo de verdade. De acordo com experimento de pesquisadores da Escola Superior Internacional de Estudos Avançados (Sissa), em Trieste, na Itália, a cor de um alimento ajuda a guiar nosso apetite e a decidir se devemos consumi-lo ou não. Isso porque, tal qual um sinal de trânsito com os códigos invertidos, interpretamos a vermelhidão como indício de que a comida é mais nutritiva e calórica, o que nos estimula a ingeri-la, enquanto alimentos que tendem para o verde são vistos como menos atrativos. Segundo os cientistas, esta diferenciação seria uma herança de nossos ancestrais caçadores-coletores.

“De acordo com algumas teorias, nosso sistema visual evoluiu para identificar facilmente bagas, frutas e vegetais particularmente nutritivos em meio à folhagem”, lembra Raffaella Rumiati, neurocientista da Sissa e coordenadora do estudo, publicado nesta segunda-feira no periódico científico “Scientific Reports”. “E somos particularmente eficientes em distinguir o vermelho do verde”, afirma a pesquisadora.

Mecanismo evolutivo

Na experiência, os pesquisadores mostraram imagens de alimentos crus e preparados de diversas cores a 68 voluntários, pedindo que as classificassem segundo sua atratividade e indicassem qual seria seu valor calórico. De acordo com os pesquisadores, os participantes consistentemente apontaram os alimentos que pendiam para o vermelho como mais apetitosos que os esverdeados, além de julgá-los mais nutritivos. E a preferência se manteve mesmo no caso dos alimentos preparados, que receberam uma melhor avaliação geral, mas nos quais a cor é um indicador menos eficiente de seu valor calórico.

“Os alimentos preparados são sempre preferidos porque, quando comparados aos alimentos crus, são mais nutritivos em igual quantidade”, aponta Raffaella. “Com as comidas preparadas, porém, a dominância do vermelho sobre o verde não é mais um indicativo confiável [de seu valor nutritivo], o que nos levava a acreditar que nosso cérebro não aplicaria esta regra a elas. Mas ele faz isso, o que sugere a presença de um antigo mecanismo evolutivo anterior à introdução do cozimento”, explica ela.

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