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Castro – A tradição centenária da Folia de Reis permanece viva em Castro, na região dos Campos Gerais. Nem mesmo a chuva atrapalhou a caravana, que ontem percorreu cinco residências e uma igreja para levar a mensagem do nascimento de Jesus. "Não importa se está chovendo. Tem que fazer a procissão. Os moradores esperam por esse momento, não tem como adiar", disse o caminhoneiro Jauri Matoski, que há 31 anos interpreta o rei Melchior. Em função do mau tempo, alguns trechos que seriam percorridos a pé pelos três reis magos e os 25 integrantes do coral formado por pessoas da comunidade tiveram de ser feitos de ônibus.

Mesmo assim, a tradição não foi perdida. A casa da aposentada Roseli Bongestab foi a primeira a receber a visita da comitiva. Há 72 anos, desde a época de seus pais, os cânticos, orações e a presença dos três reis magos fazem parte do cotidiano da família nessa época do ano. "Eles nos trazem uma alegria. Isso aqui já faz parte da nossa história", disse.

A irmã mais nova de Roseli, a dona de casa Maria Luiza Mello, voltou a Castro após dez anos para acompanhar a procissão. "É uma emoção muito grande recordar esse momento, uma tradição desde a minha época de criança", disse Maria, que trouxe junto um casal de amigos de Florianópolis para ver a folia.

Na sua quinta geração, a família pretende continuar recebendo a visita dos três reis magos. "Costumamos trazer as crianças para acompanharem e pegarem gosto por tudo isso. Enquanto nós pudermos, queremos manter essa tradição", afirmou a professora Rita Goltz, filha de Roseli.

Como em todos os anos, os integrantes do coral e os três reis magos ensaiaram as orações e as músicas durante duas semanas. "Na verdade já sabemos tudo de cor. Apenas colocamos uma música nova esse ano", brinca o funcionário público Marcos René Marques, que há 25 anos representa o rei Baltazar.

Há mais de cem anos a procissão segue o mesmo ritual. Antes de entrar na residência, todos os participantes entoam cânticos para ser recebidos pelos anfitriões. Dentro da casa é oferecida uma ceia. Com canções, orações e carregando objetos que lembram a mirra, o incenso e o ouro, os reis magos lembram o nascimento de Jesus. "A mística em torno da caravana continua a mesma, não mudou nada", avalia o aposentado Jamil Santos, o rei Gaspar há 11 anos e que participa da procissão desde 1971. Quando os reis magos saem da casa, é hora dos moradores retirarem as luzes e enfeites da árvore de Natal e desmontar o presépio. A Folia de Reis continua hoje na cidade. A procissão será recebida em quatro casas e uma igreja.

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