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O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, condenado como mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang em 2005, enfrentará nesta quinta-feira seu quarto julgamento do caso.

Sua defesa investe em dois trunfos para tentar convencer o júri de sua inocência: o depoimento de um ex-policial federal que investigou a morte de Dorothy e um documento inédito que provaria que um delegado de polícia forneceu a arma do crime.

"Consegui documentação muito séria sobre isso, que pode até comprometer o Ministério Público", afirmou o advogado Arnaldo Lopes, sem adiantar detalhes.Nos três julgamentos anteriores, Bida foi absolvido uma vez e condenado duas vezes.

No último, em 2010, Bida foi condenado, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou o julgamento em maio deste ano, sob o entendimento de que a defesa do fazendeiro foi cerceada.

Cinco pessoas são acusadas de participar do crime: além de Bida, Regivaldo Galvão, o Taradão, também foi condenado como mandante.

Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista foram condenados, respectivamente, como autor e coautor do homicídio. Amair Feijoli, o Tato, foi acusado de ser o intermediário entre os executores e os mandantes.

Arma do crime

Passados três anos do seu último julgamento, o caso, que já era complexo, com constantes mudanças de versões dos envolvidos, teve novas revelações.

A principal é que a arma do crime teria sido fornecida por Marcelo Luz, delegado de Polícia Civil de Anapu. As afirmações são de Tato, considerado o intermediário do crime, e do ex-policial federal Fernando Raiol, que participou das investigações da morte da missionária.

Ambos serão ouvidos como testemunhas no julgamento. Rayfran, o assassino confesso, também será testemunha de Bida.

Mas o Ministério Público vai questionar a credibilidade de Raiol para tentar desqualificar seu depoimento, já que ele foi condenado em um processo por extorsão mediante sequestro e só depois disso resolveu falar o que sabia sobre o caso Dorothy.

A acusação ouvirá um delegado de polícia que participou da investigação, um ex-funcionário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e uma missionária que trabalhou com Dorothy.

O promotor Edson Cardoso se baseará em depoimentos anteriores prestados pelos envolvidos no crime, que chegaram a dizer que havia uma promessa de R$ 50 mil pela morte da missionária.

Bida nega ter ordenado o crime e que os depoimentos em que é acusado foram forjados. "Correram pro Tato e fizeram proposta de delação premiada pra ele dizer que eu e Regivaldo [Galvão, o Taradão] tínhamos mandado [matar Dorothy], que cada um ia dar R$ 25 mil", disse em entrevista à Folha de S.Paulo em novembro do ano passado.

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