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Em vermelho, a cidade de Tupãssi que tem menos de 10 mil habitantes | Reprodução Ipardes
Em vermelho, a cidade de Tupãssi que tem menos de 10 mil habitantes| Foto: Reprodução Ipardes

Os 600 proprietários de imóveis de um condomínio do Balneário Atami, em Pontal do Paraná, proporcionaram ontem a 40 adolescentes do litoral um dia diferente. Através do projeto de responsabilidade social da associação de moradores, jovens que vivem fora dos limites da propriedade de alto padrão puderam visitar pela primeira vez Curitiba, participar de palestras e ainda conhecer uma indústria de São José dos Pinhais, na região metropolitana.

"Esta região do litoral é propícia à criminalidade. Em apenas três meses de projeto, temos testemunhos de mães e professores sobre a mudança de comportamento nas crianças", afirma o presidente da Associação Comunitária Balneário Atami, José Goes. Ele nega, porém, que a iniciativa seja uma medida preventiva contra a violência. "Montamos o projeto para crianças que moram na vizinhança apenas na tentativa de construção de um futuro cidadão."

As 60 crianças e adolescentes de 8 a 16 anos inscritas no programa (nem todas estiveram no passeio de ontem) participam de palestras de formação e atividades esportivas nos espaços do condomínio. "Antes, não havia ninguém que treinasse a gente e nossa escola nem tem quadra de futebol", afirma o estudante Sidnei Tiago de Lima, 16 anos. As únicas exigências para fazer parte das atividades são ter boas notas e freqüência escolar. "Vale a pena ter boas notas porque no projeto tem o lado do esporte e o da educação", disse Silas Rodrigues Moreira, 15 anos, enquanto anotava no caderno dados sobre a indústria de vidros Temparaito. Essa foi a primeira vez que o garoto esteve na capital.

Ter novas altenativas de lazer é o que desperta o interesse de Fernando Helton Feldhaos, 13 anos. "Onde moramos é um lugar pobre e não temos muita opção", afirma. A mãe de Fernando aprova a participação do filho. A organização não-governamental Instituto Eko é uma das parceiras do projeto.

Público x privado

Todas as obras, serviços, segurança e manutenção no balneário são financiadas pelos proprietários dos imóveis, segundo o presidente da associação. "Lá, não tem nenhuma lâmpada apagada na rua por causa da associação. O município não faz nada", afirma Goes.

O prefeito de Pontal, Rudisney Gimenes, reconhece que o município não tem condições de atender os 58 balneários e que a preferência é dada aos mais carentes. "O recurso que recebemos é proporcional a 18 mil habitantes e, de repente, temos 300 mil na temporada", alega. Sobre as mudanças realizadas pela associação, o prefeito não vê interferência na administração pública. "Se eles pudessem fazer isso no município inteiro, eu ia agradecer."

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