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A nova tendência das construtoras de investir em grandes condomínios também está presente no interior. Em alguns casos, são quase mil apartamentos num mesmo terreno. Em Londrina, no Norte do estado, o maior empreendimento será lançado no segundo semestre, com 544 unidades em 17 blocos. O objetivo é tornar a taxa de condomínio mais baixa para atrair mais moradores. "Isso vale para imóveis voltados a todas as classes, desde condomínios populares aos mais luxuosos", diz o vice-presidente da Regional Norte do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), Nestor Dias Correia.

Pelo menos dez novos supercondomínios devem ser entregues nos próximos meses em Londrina. Juntos oferecerão 3.595 unidades. Dois deles, da construtora MRV, estão entre os maiores. São o Lótus, com 544 apartamentos, e o Le Parc, com 480. A Plaenge, especializada em apartamentos de alto padrão, lançou dois empreendimentos com quatro torres e 304 unidades cada.

Condomínios tão populosos acabam gerando seu próprio ecossistema, com reflexos na infraestrutura das cidades. A primeira barreira a ser vencida é administrar tantos interesses conjuntos. "Não dá para agradar a todos", confessa o síndico Gonzales Kobayashi da Silva, do Residence Villa Bella, localizado na região leste de Londrina e que tem 11 torres com 352 unidades. Ele divide a responsabilidade com outros oito subsíndicos e reclama da dificuldade de adesão às regras pelos moradores. "A adaptação é difícil."

Prós e contras

Para a arquiteta Alessandra Ugi­­­no, de 31 anos, vizinha de Koba­­­yashi, a solução para conviver entre tantos moradores é buscar um ponto comum e viver em harmonia. A reclamação fica restrita à infraestrutura: "O celular não funciona direito. Temos que ir até a sacada para conseguir falar". Segundo ela, melhorias no asfalto só foram feitas depois que alguns vizinhos chamaram uma emissora de televisão para reclamar.

No Conjunto Monteiro Lobato, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, 960 famílias lidam diariamente com os desafios de viver num mesmo espaço. A moradora e professora universitária Cintia Xavier conta que a maior dificuldade é com o silêncio. "Temos que cumprir várias regras com relação aos horários e programamos o recebimento de visitas para não incomodar os vizinhos". E os benefícios? Para a professora, um dos pontos positivos é a segurança. "Se um dia me mudar daqui para uma casa, por exemplo, não teria a mesma comodidade, com porteiros e segurança durante 24 horas."

Na avaliação do arquiteto e urbanista Pedro Leiva, de Ponta Grossa, o maior desafio do poder público diz respeito ao lixo quando se trata de dar conta desses grandes empreendimentos. "Nesses supercondomínios não há separação do lixo reciclável. No máximo, separam o que é orgânico do que não é", diz. Ele aponta outros erros. "Na maioria das vezes, eles são construídos onde não há infraestrutura de segurança, postos de saúde, transporte público, esgoto e energia elétrica. Depois de prontos, o poder público tem de correr atrás para dar condições mínimas de atender à população."

Entre as cinco maiores cidades do Paraná, Maringá, no Noroeste, e Foz do Iguaçu, no Oeste, não apostam nos supercondomínios. Em Maringá, são apenas quatro empreendimentos com mais de 250 apartamentos. Na opinião do diretor de condomínios do Secovi, Junzi Shimaudi, este tipo de construção não faz parte do perfil do município. "Maringá tem um padrão mais alto de condomínios, com um número menor de apartamentos."

Colaboraram Marcus Ayres, da Gazeta Maringá e Ismael de Freitas, da sucursal de Ponta Grossa

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