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Um conflito ocorrido nesta terça-feira (14) entre fazendeiros e indígenas, na região de Caarapó, no Mato Grosso do Sul, resultou na morte de uma liderança indígena e deixou ao menos cinco feridos. As informações foram confirmadas pelo Instituto Socioambiental (ISA). O ataque aos índios da etnia guarani-kaiowá ocorreu na terra indígena Dourados-Amambaipegua I, no sul do estado. O confronto, segundo informações preliminares, teria envolvido a participação de cerca de 70 fazendeiros.

Um menino indígena de apenas 12 anos é um dos índios que foram baleados nesta terça-feira (14) durante o conflito. Com pelo menos um tiro na barriga, a criança foi socorrida e encaminhada para o Hospital da Vida, no município vizinho de Dourados.

A retomada do território indígena ocorreu no último domingo (12). Algumas lideranças indígenas que estavam no local estariam desaparecidas. A Polícia Militar de Caarapó (MS) confirmou uma morte e cinco feridos na região da Fazenda Ivu, próxima a aldeia Te’Ýikuê. Há índios internados no Hospital São Mateus, em Caarapó, e outros seguiram para Dourados.

Por meio de nota, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) lamentou a morte do agente de saúde indígena, Cloudione Rodrigues Souza, de 26 anos. “O jovem agente foi morto covardemente, por homens armados que atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território próximo a aldeia Te’Ýikuê, quando foram surpreendidos por homens armados, em aproximadamente 60 veículos (caminhonetes). Que Deus proteja e conforte todos os povos indígenas e familiares neste momento de dor”, afirmou o secretário especial de saúde indígena do Ministério da Saúde, Rodrigo Rodrigues.

A Fundação Nacional do Índio, a Polícia Militar e a Polícia Federal foram mobilizadas até a região. O sul do Mato Grosso do Sul é marcado por conflitos históricos entre os povos guarani, que requerem há décadas a retomada de seus territórios tradicionais, e fazendeiros.

Tensão

O clima na região é de extrema tensão. Informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) dão conta de que o número de feridos poder ser maior, porque os indígenas se dispersaram pelo território, em fuga, com a chegada de cerca de caminhonetes, motocicletas, cavalos e trator usados por pistoleiros, capangas e homens que chegaram atirando contra o acampamento em que os índios estavam. Trata-se da Fazenda Yvu, que está em terra indígena e atualmente é alvo de processo de demarcação pelo Ministério da Justiça (MJ).

Segundo o Cimi, em filmagens feitas pelos próprios índios, é possível ver uma centena de homens armados, queimando motos e demais posses dos indígenas. “A maioria dos indivíduos está vestida com um uniforme preto; nas filmagens, é possível ouvir gritos de: ‘Bugres! Bugres!’, forma pejorativa usada para se referir aos indígenas na região sul do país”, informou o órgão.

O ataque foi uma resposta à retomada realizada pelos indígenas de Tey’i Kue na Fazenda Yvu, vizinha à reserva. No último domingo, um grupo de 100 famílias reocupou o território chamado de tekoha Toropaso, onde incide a Fazenda Yvu.

Em maio, os indígenas estiveram em Brasília, pressionando pela publicação do relatório da terra indígena Dourados-Amambai Peguá. Sob pressão, a Funai assinou o relatório. Dessa forma, a demarcação da terra indígena teria prosseguimento. Em nota, o Conselho Indigenista Missionário categorizou como “paramiltar” a ação, e afirma que, no último semestre, foram registrados ao menos 25 casos similares entre os guarani kaiowá do estado.

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