• Carregando...
 | Roberto Custódio/ Ivan Amorim / Henry Milleo / Josué Teixeira/Gazeta do Povo
| Foto: Roberto Custódio/ Ivan Amorim / Henry Milleo / Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Um milhão de eleitores de Ponta Grossa, Londrina, Maringá e Cascavel, municípios do interior do Paraná que têm segundo turno, voltam às urnas neste domingo para escolher os prefeitos da próxima gestão. A eleição marca o desfecho de quatro meses de campanha, que contabilizou 612 processos na Justiça Eleitoral nas quatro cidades. A Gazeta do Povo levantou as principais necessidades das quatro cidades

Londrina vota para superar crise política

Juliana Gonçalves, correspondente

Roberto Custódio/ Gazeta do Povo

A Gleba Palhano, símbolo do crescimento de Londrina: cidade vai às urnas para superar trauma

Antes vista como símbolo do progresso no Paraná, Londrina, no Norte do estado, tem sido pouco eficiente na atração de novos investimentos nos últimos anos. O cenário de instabilidade política, a demora na aprovação do Plano Diretor e a agora extinta Lei da Muralha são apontados como os grandes culpados pela retração.

A crise política teve início em 2008. O vencedor da eleição daquele ano, Antonio Belinati (PP), foi considerado inelegível porque o Tribunal de Contas do Paraná rejeitou sua prestação de contas relativa ao período em que foi prefeito. A cidade foi às urnas para o terceiro turno em 29 de março de 2008. Barbosa Neto (PDT) venceu Luiz Carlos Hauly (PSDB), mas fez uma gestão conturbada e teve o mandato cassado em 30 de julho deste ano. Para superar o trauma, Londrina precisa de estabilidade política, que pode vir com o resultado das urnas neste domingo.

A cidade também precisa de um Plano Diretor atualizado, já que desde 2008 a legislação aguarda a votação de oito leis complementares. Enquanto poderia discutir o Plano Diretor, os vereadores se dedicaram às comissões processantes que resultaram na cassação de Barbosa. Com isso, projetos complementares – como o de zoneamento e o de sistema viário, dois dos mais importantes–, ainda aguardam aprovação.

Outro fator que emperrou a abertura de novas empresas na cidade foi a proibição da construção de supermercados no centro. Implantada em 2005, a chamada Lei da Muralha era vista por setores da sociedade como reserva de mercado para as empresas já existentes na região. Há três meses, foi derrubada pela Câmara.

Maringá deve priorizar saúde e áreas verdes

Octávio Rossi, especial para a Gazeta do Povo

Ivan Amorim/ Gazeta do Povo

O Parque Ingá, em Maringá: "cidade verde" precisa combater erosão das unidades de conservação

O próximo prefeito de Ma­­rin­­­gá terá dois desafios básicos: recuperar e manter as áreas verdes da cidade e melhorar o atendimento na área da saúde. Em relação ao meio ambiente, três símbolos da cidade – o Parque do Ingá, o Bosque II e o Horto Florestal têm problemas graves de erosão. O lixo é outra preocupação: para receber as 300 toneladas produzidas diariamente pelos 357 mil maringaenses, a cidade conta com um aterro controlado, cuja licença ambiental espira em 16 de novembro de 2013. O desafio nos próximos anos é desenvolver políticas públicas para recuperar parques e bosques e priorizar a busca para a destinação correta e eficaz do lixo.

Na área da saúde, a cidade do Norte tem seu sistema saturado, pois é um dos maiores polos do estado. Segundo o secretário municipal de Saúde, Antônio Carlos Nardi, cada vez mais pessoas que preferiam consultas particulares têm optado pelo atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). "Estamos com mais de 25 mil consultas, exames e cirurgias em fila de espera. Em algumas delas o prazo é de um mês. Contudo, há aquelas que damos o prazo de até 180 dias", diz Nardi. A fila de espera expõe outro problema na área da saúde no município: a falta de mão de obra. No longo prazo, as perspectivas são boas para os profissionais em Maringá, já que a cidade tem três cursos de Medicina, que oferecem 140 vagas. Maringá tem 31 unidades de saúde, um corpo médico com 230 profissionais, 2.376 servidores e 65 equipes do Programa Saúde da Família. No ano passado, cerca de 33 mil internações foram registradas na rede municipal.

Agroindústria é opção para Cascavel crescer

Luiz Carlos da Cruz, correspondente

Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Desafio do próximo prefeito será incentivar a industrialização na região de Cascavel

Conhecida pelo seu potencial agropecuário, a cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná, ainda enfrenta dificuldades na hora de agregar valor à produção. Boa parte do que se produz no campo é comercializada in natura para ser processada em outros centros do Brasil ou no exterior. Fortalecer a agroindústria é um dos desafios para o prefeito que será eleito neste domingo.

Segundo o economista e analista de mercado Camilo Motter, já existe uma boa base de transformação da produção agropecuária, mas o município poderia estar muito além. Para ele, o próximo prefeito terá de viabilizar áreas para agroindústrias e instituir um programa de renúncia fiscal para captar recursos e incentivar a transformação da produção. "A cidade enriquece mais com a industrialização do que com a própria produção", diz.

Para o analista, Cascavel pode e deve se transformar em um grande centro produtor de alimentos. "Já é um polo de produção, mas a industrialização não é feita aqui", afirma Motter. A logística para escoar a produção local também precisa ser trabalhada, mas isso, avalia o analista, depende de atuação junto aos governos federal e estadual.

De acordo com Motter, a cidade toda ganha com a industrialização da produção. Ele cita o trigo como exemplo: uma saca custa R$ 35, mas quando é transformada em biscoitos ou massas o valor aumenta de seis a oito vezes. "Isso fica na região em lucros, impostos e, sobretudo, em salários", observa.

Em 2010, Cascavel produziu 297,9 toneladas de soja, 122,9 toneladas de milho e 43,2 toneladas de trigo, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento.

Planejamento é a palavra em Ponta Grossa

Alyne Lemes, especial para a Gazeta do Povo

Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Com a industrialização em alta, Ponta Grossa precisa crescer de forma planejada

Segundo maior polo industrial do Paraná, Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, vive um novo momento de industrialização. Depois de uma década sem receber grandes empresas, a cidade agora atrai novos empreendimentos. Além de aumentar a arrecadação do município, o novo boom industrial também promove o desenvolvimento de outras áreas.

Empresas como a Tetra­­pak e a Makita do Brasil devem investir R$ 290 milhões na ampliação de suas estruturas e gerar 320 empregos. Os grandes investimentos implantados ou em fase de implantação ultrapassam a casa de R$ 1 bilhão. A cidade também recebeu novos empreendimentos de médio porte. São 17 novas empresas que estão se instalando e vão ofertar mais de 700 empregos diretos, com investimentos em torno R$ 160 milhões. O Parque Tecnológico nos fundos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTPFR), que ainda será criado, deverá abrigar 150 empresas.

O desafio agora é promover todo esse crescimento de forma planejada. Para o arquiteto Roque Sponholz, que já foi presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Ponta Grossa (Iplan), o grande problema é que a cidade encheu e está crescendo horizontalmente, deixando os vazios urbanos sem utilidade. Ele considera um erro criar conjuntos habitacionais muito distantes do centro, pois acabaria marginalizando os moradores.

Outro problema é a falta de ligações entre os bairros. Ponta Grossa é cortada por diversos arroios e, segundo o arquiteto, para fazer a ligação é preciso construir pontes e viadutos. "Hoje, de norte a sul ou de leste a oeste, para se deslocar é preciso passar pelo centro da cidade, e isso gera congestionamento."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]