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Os cinco conselheiros estão assustados: “Não queremos tortura psicológica.” | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Os cinco conselheiros estão assustados: “Não queremos tortura psicológica.”| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Situação é comum em várias cidades

A situação vivida pelos conselheiros tutelares de São José dos Pinhais também é comum na capital e região metropolitana. Em Colombo, a conselheira Marina Pinto diz que as ameaças de traficantes são constantes. "Lidamos com crianças que estão em risco e em contato direto com o tráfico." Ela conta que certa vez após abrigar um menino recebeu a ligação de uma pessoa que supostamente queria fazer uma denúncia e pediu um encontro em um local deserto. "Sabíamos que era alguém querendo se vingar."

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Os conselheiros tutelares de São José dos Pinhais estão sofrendo ameaças de traficantes por retirarem crianças e adolescentes do trabalho no tráfico. Os jovens servem como "mulas" e distribuem a droga em bairros da cidade. Os conselheiros afirmam que as ameaças são freqüentes, mas se tornaram constantes há um mês. No início desta semana, um conselheiro foi até a casa de uma família buscar dois meninos de 10 e 11 anos que seriam abrigados e foi ameaçado novamente. "Os traficantes disseram que viriam até aqui para pegar um por um", diz Robson Amâncio, um dos ameaçados.

Os cinco conselheiros que trabalham no local pedem proteção policial. "Nós sabemos que nosso foco são crianças em situação de vulnerabilidade. Mas, entre viver ou morrer, escolhemos a vida. Nosso único pedido é mais segurança", afirma a conselheira Juliana Rocio Bescorovaine. Eles já encaminharam ofícios para a prefeitura pedindo a presença de um guarda municipal na sede do conselho e também fizeram um boletim de ocorrência. "Tivemos que sair correndo da casa em que os meninos estavam, pois já havia um grupo reunido e eles gritavam que iriam se vingar", conta Robson.

Há duas semanas, um carro da Guarda Municipal quase foi atingido por um tiro. "Nós sabíamos que era uma situação complicada e pedimos que o pessoal da Guarda fosse na frente. Um homem atirou em direção ao veículo pensando que fôssemos nós", conta Juliana. Eles afirmam que o clima é de insegurança, pois a sede do Conselho fica ao lado de um terminal de ônibus e diversas pessoas entram e saem diariamente do local sem nenhum controle. "Quando entramos sabíamos do risco, mas não queremos tortura psicológica", diz Alessandra Moro.

A maior preocupação dos conselheiros é com a violência dos traficantes. "Se eles matam quem está devendo, matam quando um assalto dá errado, imagine nós que estamos de certa forma atrapalhando o negócio deles", diz Alessandra. Além dos cinco conselheiros, também trabalham no local estagiários, funcionários da limpeza e administrativos. "A nossa zeladora nem veio na manhã seguinte, pois ficou com medo de abrir as portas e ficar sozinha aqui dentro", conta Juliana.

Mais proteção

Eles afirmam que já notificaram o poder público sobre as ameaças constantes e que já recebem apoio da Guarda Municipal em ações específicas de visitas às famílias, mas precisam de segurança constante. "Se estamos tomando estas medidas é porque as outras se esgotaram. Somos um colegiado e decidimos de forma democrática. Todos chegaram à conclusão que precisamos de mais proteção", afirma Juliana.

O secretário municipal de Segurança de São José dos Pinhais, coronel Ariovaldo de Gouveia Sobrinho, disse que a Guarda Municipal presta todo o atendimento ao Conselho Tutelar da cidade, mas não tem como ficar com uma equipe 24 horas por dia no local. "Desde que foi criada a Guarda Municipal, há três anos, ela tem prestado todo e pleno atendimento aos dois conselhos tutelares, tanto na região central, quanto no que foi criado posteriormente na região do Afonso Pena. Temos parcerias para o pronto atendimento", afirma o coronel.

Gouveia diz que a sede do Conselho Tutelar, onde os conselheiros reclamam de falta de segurança, consta com monitoramento de alarme e câmeras de vídeo. "Nós havíamos orientado para que existe um botão de pânico, que basta o acionamento para o imediato atendimento", explica. "Nós temos a 50 metros, em caráter permanente, um posto da Guarda Municipal. Também existe uma câmera de monitoramento de vídeo que dá cobertura à frente do portão (do Conselho), assim temos como ficar observando o local."

O pedido de segurança 24 horas por dia com policiais da Guarda Municipal está sendo analisado, de acordo com o secretário. "Nós estamos à disposição, agora em caráter permanente. Neste momento, eu não pude fazer esse atendimento, mas todas as ações estão focadas a garantir a segurança, não só dos serviços públicos como de toda a comunidade", explica. "A prefeitura está viabilizando uma melhor forma para dar o atendimento".

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