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Brasília – Nem mesmo o afastamento da presidência do Senado e o pedido de licença médica deverão impedir o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) de ser condenado mais uma vez pelo Conselho de Ética da Casa. Entre senadores, já existe a certeza de que Renan terá pedida novamente sua condenação na denúncia que investiga sua suposta sociedade com o usineiro João Lyra em emissora de rádio em Alagoas.

O relator do caso é o senador Jefferson Péres (PDT-AM), que ainda está trabalhando no parecer, mas já defendeu a cassação de Renan no processo anterior, em que o Conselho de Ética o considerou culpado por supostamente permitir que a empreiteira Mendes Júnior pagasse despesas pessoais suas.

"Não tenho nenhuma dúvida que o Conselho de Ética vai aprovar novamente o pedido de cassação do senador Renan Calheiros. Talvez peça não apenas nessa representação, mas em outras também", afirma o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES) que foi um dos relatores do primeiro processo contra Renan.

Ele concorda que o "mergulho político" dado por Renan favorece sua situação, porque faz com que o caso tenha sua discussão reduzida. Mas lembra que o Senado não terá condições políticas de absolvê-lo novamente, se o Conselho de Ética propuser sua condenação. "Esse caso é igual palha seca. Na hora em que voltar o debate, o assunto pegará fogo", diz o senador. "O assunto fica adormecido mas não sairá da pauta. E se ele for condenado pela segunda vez pelo conselho e tiver novamente pedida a cassação, será um enorme constrangimento para o Senado se o plenário o absolver também pela segunda vez", avalia Casagrande.

Para Renan, a prioridade é evitar a condenação no Conselho de Ética. Com isso, novo pedido de cassação nem sequer chegaria ao plenário para ser julgado e o processo seria arquivado. Hoje, porém, Renan não tem votos, nem força política para virar uma votação no conselho. Assim, sua articulação passa pela negociação informal que desenvolve nos bastidores, pela qual deixaria definitivamente o comando da Casa em troca de ter o mandato salvo.

CPMF

Hoje, como está apenas licenciado, Renan pode voltar a ocupar a presidência no momento em que seu pedido de afastamento de 45 dias terminar, o que ocorreria no fim deste mês. Para o governo, a decisão seria péssima, uma vez que a volta de Renan ao cargo coincidiria com o processo final de votação da prorrogação da CPMF. Como a proposta ainda enfrenta resistências no Senado, tudo o que o governo não deseja é ver o surgimento de mais um complicador político para atrapalhar essa negociação.

Renan também não pretende reassumir a presidência da Casa. O senador concorda em abrir mão do cargo em troca de não ser cassado. Mas interlocutores do senador alagoano já avisaram ao governo que ele pode mudar de opinião se sentir que foi abandonado e que seu mandato está ameaçado. Segundo um senador peemedebista aliado a Renan, a troca da presidência pela garantia de que não será cassado é a "última carta" que ele tem na manga.

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