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Brasília – Com votos de parlamentares da oposição e do governo, o Conselho de Ética do Senado livrou ontem da cassação os três senadores acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. A absolvição coletiva ocorreu numa reunião única e que durou apenas três horas. A única punição aprovada foi uma censura verbal ao senador Ney Suassuna (PMDB-PB), contra quem pesavam as acusações mais fortes.

Suassuna, Serys e Malta foram citados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas como envolvidos no esquema da máfia das ambulâncias. O Conselho de Ética e Decoro nem votou o parecer do relator Jefferson Peres (PDT-AM) pela cassação do mandato do líder licenciado do PMDB no Senado. No lugar, foi aprovado o voto separado. A senadora do PT de Mato Grosso chorou durante a sessão.

O caso de Suassuna era tido como o mais grave porque ele teve o assessor Marcelo Carvalho preso, em maio, pela Polícia Federal (PF), quando a quadrilha foi desbaratada.

"Traição"

Suassuna disse que foi "traído" por Carvalho. Serys responsabilizou os prefeitos por terem comprado veículos da Planam com as emendas e Malta negou conhecer os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos da empresa, acusados de comandar o esquema. A favor do senador do PR, segundo Torres, há o fato de ele não ter apresentado emendas para ambulâncias.

O relator do PFL de Goiás mostra, no relatório, como a investigação do Conselho de Ética e Decoro é conduzida de forma "precária", uma vez que o órgão não dispõe – a exemplo do que ocorre com as CPIs – de poderes para quebrar sigilo ou de requisitar documentos. "No caso de Magno Malta, como eu não tinha prova para condená-lo, nem para absolvê-lo, optei pelo arquivamento da denúncia", justificou.

O senador republicano foi acusado pelos Vedoins de tê-los traído no acordo para apresentar emendas ao Orçamento destinadas à compra de veículos superfaturados, mesmo tendo usado um carro da família para transportar a banda gospel dele.

De acordo com Torres, era mesmo da família – e não do deputado Lino Rossi (PP-MT) – o automóvel que Malta usou de setembro de 2003 a julho de 2005. No fim do parecer, o relator do PFL compara o episódio à dúvida sobre a fidelidade ou não de Capitu no romance "Dom Casmurro", do escritor Machado de Assis, ao dizer: "Não posso afirmar com 100% de certeza que Capitu fraquejou e foi dar em praias escobarianas", afirmou.

Octávio lembra que a acusação contra a senadora do PT foi feita pelos empresários, em depoimento à PF. Os Vedoins disseram que teriam negociado com o genro de Serys, Paulo Roberto Ribeiro, a doação de R$ 35 mil para saldar dívidas de campanha em troca da apresentação de emendas no Orçamento de 2004 para compra de ambulâncias cujas faturas foram emitidas com os preços acima do efetivamente cobrado.

Um levantamento do Ministério da Saúde mostra que, no Orçamento de 2004, Serys teria favorecido cinco prefeituras com emenda no valor de R$ 104 mil. De acordo com ela, a responsabilidade pela compra das ambulâncias é dos prefeitos.

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