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O jornalista J. Corrêa, 61 anos, consultor do prêmio Volvo de Segurança no Trânsito, tem tamanho interesse pelo assunto que, tempos atrás, viu-se, no alto de um edifício, filmando barbaridades ao volante cometidas na trincheira da Augusto Stellfeld. O panorama ali, garante, é dos mais privilegiados. Todo mundo devia fazer o mesmo exercício. "É inacreditável a quantidade de absurdos que acontecem em três horas".

Não se trata de uma excentricidade. Pensar projetos é parte do ganha-pão de Jota, como é chamado. Desde 1987, quando o Prêmio Volvo surgiu, ele gasta parte do seu tempo avaliando idéias que possam melhorar a rotina dos condutores. Por conta disso, já esteve na Suécia, sede da montadora Volvo, oito vezes. Foi sua escola. Trata-se da meca da segurança, com índices invejáveis de 540 mortes no trânsito (no Brasil ultrapassam seis mil mortes/ano) e projeções animadoras para 2007, quando esse número deve chegar à metade. Entre idas e vindas da Suécia, ele tece suas conclusões.

A primeira é de que o trânsito não é melhor no Brasil porque falta de educação básica. "A ausência de formação nos tira a capacidade de autocrítica. É difícil enxergar como nós somos, o que dirá como dirigimos", compara. A segunda, mais animadora, é que o flagelo do trânsito é evitável. A solução cabe nos conselhos da vovó: "Dando exemplo". "Vivemos procurando o inimigo do trânsito e no final os inimigos somos nós mesmos. Os filhos tendem a se comportar no volante como os pais. Se mudamos isso, muda tudo."

Para quem acha pouco, Jota cita o (belo) exemplo do bafômetro sueco. A parafernália chegou à praça do país nórdico, há quatro anos, sob o aval da iniciativa privada. Parecia mais um opcional, desses que encarecem. O motorista entra no carro, sopra, se o aparelho registrar 0,2 (de graduação alcóolica), o motor não pega. O setor público gostou da idéia e equipou centenas de táxis, caminhões e ônibus com a novidade. É o tal do exemplo. "Os suecos querem chegar no índice fatalidade zero. É impossível. Não tem varinha mágica. Mas tem de querer chegar lá", comenta. (JCF)

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