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A redução da safra de grãos em função de problemas climáticos, a queda dos preços internacionais dos produtos exportados e a desvalorização do real em relação ao dólar se refletiram diretamente nos resultados das cooperativas agrícolas do Paraná no ano passado. O faturamento do setor caiu em média 8,3% em relação a 2004, atingindo R$ 16,5 bilhões – 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná.

Em algumas grandes cooperativas, a queda do faturamento foi ainda maior, chegando a 26%, como foi o caso da Coamo, de Campo Mourão. Suas receitas caíram R$ 1 bilhão, e fecharam o ano em R$ 2,9 bilhões. Na Cocamar, a perda chegou a 14%, com faturamento total de R$ 958 milhões.

O quadro de 2005 está se repetindo no início de 2006: a quebra da safra de grãos já chega a 4 milhões de toneladas e o dólar está ainda mais baixo em relação ao real. Por isso, as cooperativas paranaenses optaram por rever seus investimentos. De acordo com o presidente do Sistema da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, o setor previa investir este ano R$ 1,5 bilhão, mas o valor foi reduzido para R$ 800 milhões. Para o longo prazo, entretanto, as cooperativas estão otimistas e projetam até 2010 investimentos da ordem de R$ 3,5 bilhões, diz Koslovski.

Segundo o presidente da Ocepar, o maior problema das cooperativas, além da perda de parte da safra, é a queda na renda do produtor, que não tem recursos para pagar as dívidas. "Os ganhos do agricultor com trigo, milho e soja não estão dando nem mais para pagar os custos operacionais, como máquinas, insumos e mão-de-obra. Quitar dívidas está muito difícil", comenta.

A principal razão para a perda de rentabilidade, na opinião de Koslovski, é a queda do dólar. Ele observa que em 2004 o preço médio do da moeda americana foi de R$ 3,10, caindo para R$ 2,30 em 2005, o que fez despencar os ganhos com as exportações e com a venda de commodities no mercado interno. Na semana passada, o dólar estava cotado a R$ 2,12. Em dólares, as exportações das cooperativas, que em 2004 chegaram a US$ 1 bilhão, caíram para US$ 700 milhões em 2005.

A perda de 10 milhões de toneladas de grãos em duas safras terá grande repercussão no agronegócio, com significativa perda de renda e de emprego no Paraná, alerta o presidente da Ocepar. Ele aponta três medidas que deveriam ser adotadas pelo governo federal: o alongamento das dívidas agrícolas, recursos para apoio à comercialização da safra de verão e plantio da safra de inverno e um plano de longo prazo para dar estabilidade à agricultura.

Varejo

Uma das apostas deste ano da Cocamar é o varejo. No ano passado, o faturamento com as vendas nesse segmento apresentou recuo de R$ 7 milhões em relação a 2004, ficando em R$ 213 milhões. Para 2006, a linha de varejo vem reforçada de novos produtos, como o creme e o condensado de soja, e a cooperativa espera retomar o espaço perdido.

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