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São Paulo – Policiais, assessores e amigos do deputado estadual e coronel da reserva Ubiratan Guimarães (PTB), 63 anos, acreditam que ele tenha sido vítima de crime passional. As relações amorosas de Ubiratan, que comandou a ação da PM conhecida como massacre do Carandiru, em 1992, que resultou na morte de 111 presos, tornaram-se a principal linha de investigação.

O governador Cláudio Lembo (PFL) descartou ontem a possibilidade de o coronel ter sido alvo de vingança do crime organizado. "A polícia científica fez a perícia e temos clareza de que foi um crime pessoal. Tem zero a ver com PCC."

Ubiratan foi encontrado morto em seu apartamento, nos Jardins em São Paulo, na noite de domingo, por dois assessores parlamentares. O coronel, que recebeu um tiro no abdômen, estava caído na sala, apenas com uma toalha enrolada na cintura. A polícia acredita, no entanto, que ele tenha sido morto no dia anterior.

São os detalhes do cenário do crime que reforçam a suspeita de motivação passional. Nada foi roubado e não havia sinais de luta. A porta da área de serviço, porém, estava aberta, segundo os assessores que descobriram o corpo. "Foi alguém do relacionamento íntimo dele. Alguém que entrou com a livre e espontânea vontade do coronel", afirmou o deputado federal e advogado Vicente Cascione (PTB-SP), que defendeu Ubiratan no julgamento do massacre do Carandiru.

O coronel foi condenado a 632 anos por um júri popular. Em fevereiro, o Tribunal de Justiça o absolveu. "Não tem lógica (a relação com a absolvição). Passaram mais de sete meses. Não há possibilidade de ter sido o PCC", disse Cascione.

Para a polícia, o único disparo, que atingiu o abdômen do coronel, é um sinal de que o assassino não era profissional. "A lesão (em Ubiratan) não é característica de execução. O crime passional está dentro do leque de investigação", afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo.

A namorada de Ubiratan, a advogada e administradora Carla Cepollina, 40 anos, será ouvida oficialmente hoje no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Ela esteve no apartamento do coronel entre às 19 e às 21 horas de sábado.

Ontem, ela esteve no DHPP, mas só conversou informalmente com os policiais. Negou a autoria do crime. Segundo policiais, porém, admitiu ter discutido com o coronel no sábado após ele ter recebido ligação de uma ex-namorada.

A mãe de Carla, a também advogada Liliana Prinzivalli, afirmou ontem que o coronel discutiu, por telefone, com uma ex-namorada. "Ele tinha bebido um pouco mais e queria descansar, mas recebeu ligações que o deixaram irritado."

Segundo Liliana, a ex-namorada de Ubiratan ligou no celular. "Ele ficou bravo, falou que não queria falar daquele assunto e desligou." Em seguida, teria ido se deitar. "Carla saiu do apartamento, antes das 21 horas, e o trancou com sua chave."

A polícia pedirá a quebra do sigilo telefônico do coronel. E já solicitou a Carla que apresente a roupa que vestia no sábado para periciá-la. Seis armas do coronel, sem sinais aparentes de uso recente, foram encaminhadas para perícia. Um revólver 38 descrito por familiares de Ubiratan, porém, não foi encontrado pelos policiais.

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