Ponta Grossa - O tenente-coronel reformado da Polícia Militar Waldir Copetti Neves entrou ontem com um pedido judicial de reintegração de posse da Fazenda São Francisco II, localizada no município de Ponta Grossa. A área, reivindicada por ele, está ocupada por 200 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra desde o sábado. A propriedade da terra é discutida. Segundo os sem-terra, a área pertence à Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).
O advogado de Copetti, Carlos Eduardo Martins Biazetto, afirma que a área é de seu cliente e pretende conseguir liminar para retirar os ocupantes do local o mais cedo possível. A Polícia Militar, que por enquanto atua apenas para evitar confrontos entre os seguranças da fazenda e os sem-terra, diz que só fará a retirada dos ocupantes caso receba ordem da Justiça.
A área, de 33 alqueires, foi tomada no sábado de madrugada pelos sem-terra. Segundo a Polícia Militar, não havia risco de conflito ontem, mas o tenente-coronel da reserva passou o domingo instalado na divisa da ocupação, sob um guarda-sol. Segundo Vanda de Assis, representante do MST, o ex-policial vigiava os passos dos sem-terra. Biazetto diz que a presença de seu cliente é perfeitamente normal. "A área é dele, ele está lá", diz.
De acordo com Vanda, as famílias estão chegando ao local para instalar seus barracos. A ocupação, segundo ela, é por tempo indeterminado.
A fazenda foi arrendada para a produção de soja, feijão e milho. O arrendatário, Elmir José Groff, diz que ainda não calculou os prejuízos caso perca a produção. "Eu acredito na Justiça e nesse caso espero que ela aconteça", disse. Segundo Vanda, a intenção dos sem-terra é esperar a colheita dos grãos, destiná-la à Embrapa e iniciar a preparação da terra dentro do conceito agroecológico.
A ocupação registrada no sábado foi a terceira na área em cinco anos. Junto com a São Francisco I, a área foi invadida em agosto de 2005 e em maio de 2007 sob a mesma alegação: a suposta grilagem de Copetti Neves nas terras da União. Nas ocasiões anteriores, a Justiça ordenou a retirada dos sem-terra.
A rivalidade entre o MST e Neves vem desde esse período. O ex-policial é acusado de comandar um grupo de milícias criado para enfrentar sem-terra. Neves foi condenado pela Justiça Federal, em dezembro do ano passado, a 18 anos e 8 meses de prisão, perda do posto na corporação e multa de R$ 20 mil. Mas como a decisão foi em primeira instância, ele recorre da sentença em liberdade.
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