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São Paulo – O Corpo de Bombeiros resgatou às 20h 25 de ontem o corpo de Valéria Alves Marmit, de 37 anos, sob os escombros do desmoronamento na Linha 4 do Metrô de São Paulo. Advogada, ela deixou três filhos. Foi a segunda morte já confirmada. A aposentada Abigail Rossi de Azevedo, de 75 anos, foi enterrada segunda-feira no Cemitério Central de Santa Amaro (Zona Sul da cidade). Mais cinco pessoas continuariam desaparecidas.

No momento do acidente, Valéria estava dentro do microônibus que foi engolido pela cratera. Encontrado ainda na tarde de segunda, o corpo estava preso nas ferragens, o que dificultou a sua remoção. O resgate dificilmente encontrará sobreviventes. Familiares de outras possíveis vítimas que viajavam no veículo tiveram autorização e puderam entrar por um túnel onde é possível visualizar o microônibus. Segundo o relato desses parentes, o peso da terra reduziu a altura do veículo para cerca de um metro.

Continuam desaparecidos o motorista Reinaldo Aparecido Leite, de 40 anos, que conduzia o microônibus; o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22 anos; o funcionário público Márcio Rodrigues Alambert, 31 anos, e o motorista de caminhão Franciso Sabino Torres, 48, que trabalhava na obra do Metrô. Baseado no relato de testemunhas, os bombeiros procuram por mais uma pessoa.

A família do contínuo Cícero Augustino da Silva, 58 anos, disse à Defesa Civil que ele também está desaparecido desde sexta-feira. Mas não há confirmação oficial se ele está mesmo entre as vítimas do desabamento.

Os bombeiros chegaram a ficar quase dez horas de braços cruzados (da 1 hora até as 11 horas de ontem), depois que o consórcio responsável pelas obras da linha 4 identificou riscos de novos desabamentos. Pela divisão de tarefas, géologos do consórcio ficaram responsáveis por dizer quando haveria condição de segurança para a continuidade do resgate. A solução colocada em prática foi o reforço com concreto das paredes do fosso, serviço que, segundo as empresas, poderia levar até três dias.

Protesto

Houve protesto de parentes e amigos dos desaparecidos, que só ficaram sabendo da interrupção do serviço pela imprensa. Com a notícia, muitos começaram a admitir o que já é dado como certo pelo governo: que dificilmente haverá sobreviventes. "Nós sabemos que meu marido está morto, mas queremos tirar ele de lá. Ele não é indigente", reagiu Thais da Silva, mulher de Wescley.

"Eu quero o meu tio. As pessoas querem os corpos das pessoas que estão lá embaixo", pediu o motoboy José Roberto Leite Otaviano, sobrinho do motorista Reinaldo Aparecido Leite. "Se fosse alguém muito importante, não teriam interrompido as buscas."

A pressão parece ter sido decisiva. O engenheiro Márcio Pellegrini, que representa o consórcio de empresas e que falou que os trabalhos de reforço da estrutura da linha poderiam levar "até três dias", anunciou às 11 horas a retomada das buscas.

Diante do que consideraram descaso, alguns defenderam a contratação emergencial de uma empresa especializada em resgate. "O Metrô se limitou ao seu próprio conhecimento. Eles poderiam contratar em regime de urgência uma empresa especializada para resgatar as vítimas. Eles acham que são capazes de fazer tudo, mas a gente sabe que são limitados no serviço", disse Nelson Alambert, primo de Márcio Alambert.

Em nota divulgada no início da tarde, o governo do Estado disse que "toda a estrutura do governo está voltada para essa tragédia".

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