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A família do padre, fiéis vindos de Paranaguá e toda a comunidade de Ampére se emocionaram no adeus ao religioso | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
A família do padre, fiéis vindos de Paranaguá e toda a comunidade de Ampére se emocionaram no adeus ao religioso| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Ampére - A comunidade de Ampére, no Sudoeste do estado, despediu-se ontem do padre Adelir de Carli, de 41 anos, morto após tentativa frustrada de voar com balões de Paranaguá para Dourados (MS), no dia 20 de abril. O sepultamento ocorreu por volta das 13 horas numa capela do cemitério da cidade onde estão enterrados os restos mortais de outros três religiosos. Cerca de 500 pessoas acompanharam o enterro.

O corpo chegou a Ampére às 7h30 conduzido por um veículo funerário que saiu de Paranaguá por volta das 23 horas de sexta-feira. Cerca de 90 fiéis viajaram em dois ônibus para acompanhar o sepultamento e a missa rezada pelo bispo de Paranaguá, dom João Alves dos Santos. Emocionados, parentes, fiéis e amigos passaram pela Capela Mortuária de Ampére para acompanhar o velório durante toda a manhã de ontem.

"Vai ficar um sentimento bom", diz Aurélio de Carli, de 70 anos, pai do religioso. Para o técnico agrícola Marcos de Carli, 30, irmão de Adelir, o fato de a família ter encontrado o corpo é um alívio. "Ele teve um enterro digno", afirma. "A perseverança dele e o entusiasmo confortam todo mundo." O padre deixou mais um irmão e uma irmã.

No velório, havia um painel com fotos do padre que lembrava a trajetória religiosa dele. A dona de casa Leonilda Bergamaschi, de 65 anos, conheceu o padre antes mesmo de ele deixar Ampére. No tempo em que Adelir ficou desaparecido, ela era uma das pessoas que faziam orações diárias. "Ele cansou de dizer que não queria nada na vida porque passou por muita dificuldade e queria ser padre para ajudar os pobres e as crianças de rua", lembra.

Segundo relatos da comunidade, as orações em prol do padre foram suspensas depois que um religioso de Santa Catarina, conhecido por ter o dom de "prever o futuro", disse que o corpo do padre havia caído do mar e caso ele fosse encontrado merecia ser santo.

Adelir de Carli nasceu em Ampére no dia 8 de fevereiro de 1967 e foi seminarista da Congregação dos Agostinianos Descalços. Recebeu a ordenação de padre há quase cinco anos em Paranaguá onde trabalhou em favor de mendigos e caminhoneiros. Chegou a disputar um pleito para deputado estadual, mas não foi eleito. O padre Adelir voou com balões pela primeira vez na cidade natal, dia 14 de janeiro deste ano. Na ocasião pretendia ir para Guairá, Oeste, mas foi parar em San Antonio, Argentina, fronteira com Santo Antônio do Sudoeste, permanecendo 4h15 no ar. Apesar dos riscos, o padre decidiu voar pela segunda vez para chamar atenção aos projetos da Pastoral do Caminhoneiro. Ele levantou vôo amarrado em mil balões de gás hélio, com objetivo de permanecer 20 horas no ar e quebrar o recorde mundial que era 19 horas, mas acabou desaparecendo. O corpo foi localizado dia 3 de julho em Macaé (RJ). A confirmação foi anunciada esta semana, após realização de exames de DNA.

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