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Reparação

Indenização pode chegar a R$ 200 mil

As famílias que perderam parentes nos desabamentos poderão receber, cada uma, cerca de R$ 200 mil de indenização por danos morais, segundo cálculo do procurador-geral da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), Ronaldo Cramer. Ações desse tipo levam em média cinco anos para ser concluídas, afirmou o advogado. Sem contar ressarcimentos por danos materiais, quando a vítima era responsável pelo sustento da família. Para chegar ao valor da indenização individual, Cramer baseou-se em processos semelhantes que tiveram decisão final da Justiça.

Para dar início às ações, no entanto, as famílias precisam que a polícia aponte os responsáveis pela tragédia, de quem serão cobradas as indenizações. "Se não se sabe qual é a causa, não se sabe quem é o responsável. As famílias têm que entrar com a ação apontando quem são os réus."

Segundo ele, é possível que, além de pessoas físicas, as famílias cobrem indenização também do poder público, como responsável por fiscalizar obras e evitar danos aos edifícios. Para quem teve perdas materiais, a luta por reparação pode ser ainda mais longa. Segundo Cramer, elas terão de comprovar o valor de equipamentos que tinham nos escritórios.

Suspeitas recaem sobre a TO Tecnologia Organizacional, dona das salas onde eram realizadas as obras suspeitas de comprometerem a estrutura do prédio de 20 andares.

Mais duas partes de corpos foram encontradas ontem em meio ao entulho levado do local do desabamento dos três prédios no Centro do Rio de Janeiro para o depósito da Comlurb (Companhia Munici­pal de Limpeza Urbana), na avenida Washington Luiz, que liga a ca­­pital à região serrana. No sábado, bombeiros encontraram quatro partes de corpos no mesmo depósito. Os desabamentos aconteceram na noite de quarta-feira. Até ontem, 13 dos 17 corpos encontrados foram identificados. Um deles também havia sido encontrado no depósito da Comlurb. Bombeiros ainda buscam por pelo menos cinco pessoas nos escombros.

Ontem, o comandante dos bombeiros, coronel Sérgio Simões, admitiu, pela primeira vez, a possibilidade de que algumas vítimas da tragédia jamais sejam encontradas. O número oficial de mortos até a noite de ontem era de 17 pessoas, quatro delas sem identificação. Foram encontrados também, misturados ao entulho retirado do local, restos humanos. Os exames de DNA para identificação de vítimas começam hoje. "Existe a possibilidade de [corpos] terem sido carbonizados. Nesse caso, não estamos mais procurando corpos, mas ossos, dentes", lamentou Simões.

Ontem, o Corpo de Bombeiros fez uma vistoria, com o auxílio de uma escada magirus, nos restos dos escombros do Edifício Liber­dade que ainda estão presos na parede do prédio vizinho, o Edifício Capital. Na altura do sétimo andar, um integrante da equipe tirou fotos do que ainda sobrou da estrutura pendurada: vergalhões retorcidos, fios de eletricidade e cimento.

Desvios

Câmeras instaladas no depósito da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), para onde foi levado o entulho dos prédios, permitiram a identificação de quatro funcionários da concessionária Porto Novo que furtavam pertences das vítimas. "Eu acho que são uns delinquentes. Ali está a miséria humana retratada. É inacreditável que alguém numa situação como essa vá roubar de um entulho vindo de uma tragédia como aquela. Eu vejo com muita tristeza, com uma certa raiva. Os nomes já foram passados para a polícia e eles serão demitidos da concessionária lá do Porto", disse o prefeito Eduardo Paes.

A prefeitura do Rio iniciou ontem os serviços de manutenção e limpeza das avenidas Treze de Maio e Almirante Barroso, na região onde houve o desabamento dos três prédios. A operação de recuperação do entorno inclui a pavimentação das calçadas em pedras portuguesas, reposição de fradinhos, tampões de bueiros e desobstrução do sistema de drenagem. Além disso, será feita manutenção dos pontos de iluminação pública, retirada da lama, lavagem das pistas, calçadas, fachadas e placas de sinalização.

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