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Fabiana e Juliana: esperança de uma vida melhor depositada na dedicação aos estudos | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Fabiana e Juliana: esperança de uma vida melhor depositada na dedicação aos estudos| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Oportunidade

Programa terá 20 vagas no próximo ano

O Instituto Bom Aluno foi criado pelos empresários Francisco Simeão e Luiz Bonacin, em 1993. O programa ajuda alunos das redes municipais e estaduais de ensino, com baixa renda, que apresentam bom desempenho escolar – normalmente a partir da quinta série do ensino fundamental. Além de bolsas de estudos em escolas particulares, o Bom Aluno fornece aos estudantes curso de inglês, apoio financeiro para comprar livros e ainda cursos de aperfeiçoamento pessoal e de habilidade de estudo e leitura. O apoio termina quando o estudante, graduado, consegue ter estabilidade econômica.

O Bom Aluno é mantido com o apoio de algumas empresas e de pessoas como a médica Fabiana Siroma. No próximo ano, vai abrir cerca de 20 vagas: as escolas vão indicar os melhores alunos. A seleção leva em conta prova de conhecimentos gerais e específicos, dinâmica de grupo, entrevista familiar e visita. Além de boas notas, é exigido ao aluno bom comportamento na escola e 90% de frequência nas aulas. (PM)

A dedicação aos estudos é capaz de mudar toda uma vida. Fabiana Siroma, 29 anos, é prova disso. Ela não nasceu em berço de ouro e conta nos dedos o número de parentes que chegaram à universidade. Mas isso não foi empecilho para seu crescimento pessoal. Graças ao boletim escolar longe das notas vermelhas, encontrou alguém disposto a ajudar: um integrante do programa social Bom Aluno, que patrocina estudantes de baixa renda com excelente desempenho escolar. Hoje é médica infectologista. "Sem o apoio, provavelmente, não teria conseguido", diz Fabiana.

Atualmente com a vida estável e frequentando um curso de mestrado, ela decidiu retribuir o que recebeu. Virou madrinha da estudante Juliana Camile de Jesus Ferreira, de 14 anos. A partir de agora, Juliana vai estudar e poderá entrar na universidade com o apoio de Fabiana. O valor depositado mensalmente para a jovem irá garantir que ela tenha as mesmas oportunidades que a médica recebeu. "É muito bom ser apoiado como aluno. Melhor ainda é poder retribuir", comenta Fabiana.

As duas se conheceram recentemente, em um encontro que deixou Juliana com os olhos brilhando. Fora os 15 anos de diferença de idade, elas têm muitas coisas em comum. "Minha pior nota em Matemática foi 9,6. Se tirar abaixo disso, sei que não fui bem", conta Juliana. Fabiana não fica para trás. Sempre foi uma estudante exemplar em todas as disciplinas. Por isso, em 1993, uma professora da Escola Estadual Cecília Meirelles resolveu indicar o nome dela ao Instituto Bom Aluno. "Lembro-me que o critério de seleção era ter boas notas e frequência regular. Tudo mudou depois da seleção", afirma. Ela deixou a escola estadual, fez um curso intensivo para conseguir acompanhar, gratuitamente, as aulas de uma escola particular. Recebeu também bolsa de estudos para fazer curso de inglês. Passou em Medicina no vestibular da Universidade Federal do Paraná. Viajou aos Estados Unidos, onde ficou dois meses estudando a língua inglesa. Voltou e ainda recebeu apoio do Bom Aluno para pagar todas as provas de residência que precisava fazer. Ela é a primeira aluna, dos 108 já graduados com o apoio do instituto, que decidiu realimentar o ciclo e adotar um aluno carente e estudioso. Fabiana foi eleita madrinha do projeto por causa da iniciativa.

"Que ela sirva de exemplo aos outros. Hoje temos 231 alunos beneficiados que estão estudando. O nosso objetivo é dar a oportunidade para que estas crianças e jovens consigam, sem o empecilho financeiro, desenvolver suas capacidades intelectuais", afirma o diretor do programa Ozil Pedro Coelho Neto. A família de Fabiana veio morar em Curitiba depois que o pai dela perdeu o emprego em Santos, São Paulo. "O começo em uma nova cidade foi muito difícil. Mas meus pais sempre valorizaram os estudos. Tínhamos, eu e meus irmãos, de ir para a escola mesmo se estivéssemos doentes", conta. O pai de Fabiana, na época, trabalhou em diversos locais para conseguir manter o sustento da família; a mãe permaneceu trabalhando como auxiliar contábil.

Os pais de Juliana também dão muito valor aos estudos e estão felizes com o apoio que a menina recebeu. O pai trabalha como cortador em uma malharia e a mãe faz diversos serviços para complementar a renda. Ela tem uma irmã mais velha e outro mais novo. "Sabemos que o estudo é a base da vida. É preciso ter comprometimento com os li­­vros", fala Juliana. Ela quer prestar vestibular para algum curso da área de Engenharia e repetir o feito de Fabiana. "Hoje já procuro ajudar, pelo menos os meus irmãos, passando a eles o que eu já aprendi."

Serviço

O site www.bomaluno.com.br tem informações sobre o programa e como ajudar. O contato também pode ser feito por correspondência para a Caixa Postal 535, Pinhais - PR. Telefone: (41) 3034-8484.

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