• Carregando...
“O alarme começou a tocar e fiquei com medo. Caso a polícia ou a segurança chegasse, como ia explicar que estava pagando contas e fiquei preso no banco?”Cristiano Antunes dos Santos, cliente do Banco do Brasil que ficou preso na agência das Mercês. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
“O alarme começou a tocar e fiquei com medo. Caso a polícia ou a segurança chegasse, como ia explicar que estava pagando contas e fiquei preso no banco?”Cristiano Antunes dos Santos, cliente do Banco do Brasil que ficou preso na agência das Mercês.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O analista de sistemas Cristiano Antunes dos Santos viveu uma situação curiosa no fim da noite de domingo. Após assistir ao duelo entre Grêmio e Internacional, pelo Campeonato Gaúcho, ele saiu de casa de bicicleta e resolveu pagar algumas contas em uma agência do Banco do Brasil (BB), na Avenida Manoel Ribas, no bairro da Mercês, pouco antes das 22 horas. Depois de quitar quatro faturas, o analista foi retirar um extrato bancário, mas o caixa automático parou de funcionar. Quando foi deixar o estabelecimento, a porta não abriu, nem mesmo pressionando os botões que autorizam o procedimento. "O alarme começou a tocar e fiquei com medo. Caso a polícia ou a segurança chegasse, como ia explicar que estava pagando contas e fiquei preso no banco?", questiona.

No intervalo de tempo em que permaneceu no estabelecimento, Santos ligou para a polícia, Corpo de Bombeiros e o telefone de atendimento da própria instituição. Na polícia, ouviu que esse tipo de situação está fora da jurisdição. O Corpo de Bombeiros informou que só poderia agir caso alguém estivesse correndo risco de morte. E ninguém atendeu no número do BB.

O analista, então, decidiu sair. "Empurrei um balcão e notei que as janelas estavam abertas", conta. Depois de ligar para a polícia para avisar que estava deixando o banco, Santos passou a bicicleta e, em seguida, pulou a janela. "De fora, os bancos parecem fortalezas de segurança", diz. "Mas quem sai também entra pela janela", afirma. Ontem, o analista fez boletim de ocorrência e promete procurar seus direitos na Justiça. "Estou me informando com advogados amigos da família para saber o que realmente fazer", diz.

O advogado Gerson Graboski afirma que a situação configura falha nos serviços prestados ao consumidor, conforme aponta o Código de Defesa do Consumidor. "É uma lei federal e um direito básico dos cidadãos – e oferecer segurança é uma responsabilidade do fornecedor do produto ou serviço", diz.

Além da situação inusitada, Santos reclama do constrangimento sofrido. "Se está carregando uma chave, não se pode passar pela porta-giratória", afirma. "Ficar preso dentro do banco e escapar pela janela é permitido."

De acordo com o Banco do Brasil, as entradas são travadas às 22 horas, mas há um botão ao lado da porta que autoriza a saída. A segurança visa a impedir o acesso de quem esteja fora da agência. O BB informou que não havia conversado com o cliente para saber mais detalhes sobre a ocorrência, considerada como "rara". Conforme a instituição, será realizada perícia para apurar se houve falha do sistema de travas.

Semelhante

O faturista Guilherme Zeni Gunz viveu situação semelhante em dezembro do ano passado. Por volta das 21h30, Gunz entrou em uma agência do Banco Santander para pagar contas e, por falhas no sistema, conforme ele, acabou se atrasando. Às 21h59, finalizou o processo da última fatura. Poucos segundos depois, no entanto, a luz apagou, a porta travou e os caixas saíram do ar.

"Fiquei 2 horas e meia preso", conta. "Liguei para polícia, Guarda Municipal e entrei em contato com o banco. Ninguém apareceu."

Com a carteirinha da Universidade, Gunz empurrou o trinco e destravou a porta. Até o fechamento desta edição, o Santander não se pronunciou sobre o assunto e afirmou que vai se posicionar hoje.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que orienta as instituições financeiras a fecharem o autoatendimento em suas agências de rua às 22 horas, conforme recomendação do Ministério da Justiça.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]