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"Suspeita é totalmente infundada"

Para os advogados que defendem os empresários presos na Operação Jogo Rápido, as prisões são desnecessárias. "A suspeita é totalmente infundada, improcedente, pois não há indício de nenhum crime", disse o advogado Juliano Breda, que defende Celso Lanzoni. Já Luiz Alberto de Luca, que defende Arthur Lanzoni, argumentou que o seu cliente não controlava a empresa e nem estava no contrato social do bingo, logo não poderia ser preso. Já o jurista Rodrigo Rios, advogado de Luiz Antônio Scarpin e Ricardo Fontana Scarpin, informou que seus clientes vão esclarecer todos os fatos, pois eles são inocentes.

Com relação aos servidores públicos João Luiz dos Santos e Marcus Antônio Cury, a Junta Comercial do Paraná informou que eles foram transferidos para outro órgão público no ano passado, numa rotina administrativa. Segundo o procurador da Junta Comercial, Luiz Afonso, o resultado da investigação pode levar à abertura de sindicância e processo administrativo contra eles. Os advogados deles foram procurados pela reportagem, mas não foram localizados para comentar o assunto.

Apesar de estarem fechados há mais de três anos, os bingos voltaram à cena no Paraná, ontem, com a prisão de sete pessoas acusadas de corrupção. Segundo o Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), os sócios dos bingos Village Batel e Montecarlo pagaram R$ 10 mil de propina a dois funcionários da Junta Comercial do Paraná para acelerar uma alteração de contrato social. Com ela, eles conseguiram uma liminar no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região, com sede em Porto Alegre, para reabrir o bingo com o nome de Montecarlo, em 2004.

O Village só parou de funcionar quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva baixou a medida provisória (MP) dos bingos, no dia 20 de fevereiro de 2004. No entanto, o Senado a rejeitou no mês de maio, e os empresários voltaram à carga para reabrir a casa.

A primeira tentativa foi reabrir o bingo como uma filial de outro estado, com uma liminar do desembargador Ricardo Regueira, do TRF da 2.ª Região, que foi preso recentemente durante a Operação Hurricane, da Polícia Federal. Mas o governo do estado conseguiu tornar sem efeito a decisão do tribunal. Então, os bingueiros conseguiram uma ordem judicial do TRF da 4.ª Região para abrir o bingo, desta vez com o nome de Montecarlo. Como o governo voltou a questionar a decisão, porque o Village e o Montecarlo usavam o mesmo endereço, a Junta Comercial recebeu uma alteração contratual, que transferia o Village para outro endereço.

Segundo a investigação policial, a transferência foi feita de forma irregular, em tempo recorde, por causa da propina de R$ 10 mil. "O Nurce recebeu uma série de denúncias sobre alterações fraudulentas feitas na Junta Comercial", entre elas o caso do bingo investigado, disse o delegado Sérgio Sirino, titular do Nurce.

Sirino explicou que houve dois pedidos consecutivos de alteração contratual do Village Batel. O primeiro foi submetido à análise jurídica. O segundo protocolado em seguida e aprovado rapidamente. "Temos provas do pagamento da propina, os dois protocolos, falsificação de assinaturas e a rapidez no procedimento", afirmou, acrescentando que isso caracterizaria os crimes de falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha.

A operação Jogo Rápido prendeu os servidores públicos João Luiz dos Santos e Marcus Antônio Cury; os empresários Celso Luiz Lanzoni, Arthur José Nunes Lanzoni, Luiz Antônio Scarpin e Ricardo Scarpin, e o contador Ericson Macedo Gaio.

Dos sete detidos, Luiz Scarpin foi citado na CPI Nacional do Banestado. Ele seria vítima de uma tentativa de extorsão do advogado Roberto Bertholdo, o qual teria pedido R$ 1 milhão para livrá-lo dos incômodos da CPI, usando o nome de deputados federais, como o petista José Mentor.

Uma testemunha do pagamento da propina feito a funcionários da Junta Comercial trabalhou para Luiz Scarpin. Ela já foi ouvida pela Procuradoria-Geral da República, que apura suspeitas de vendas de sentenças a bingos no TRF da 4.ª Região.

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