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Dois furtos e um ataque de vandalismo provocaram três baixas na exposição Cow Parade, em cartaz nas ruas de Curitiba desde o dia 28 de novembro. Na madrugada de ontem, a vaca Chiclete (Chewing Cow), que ficava no Largo da Ordem, foi jogada escada abaixo na galeria Julio Moreira. Teve as duas patas dianteiras quebradas e acabou recolhida pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) para avaliação e restauração, ainda sem prazo definido. Trabalhadores da região dizem que a cada manhã Chiclete aparecia em um lugar diferente. Em dezembro, ela chegou a ser "abordada" por um boi de verdade, que escapou de um leilão e circulou pelo centro da cidade.

Ontem à tarde, outra vaca, instalada no portal de Santa Felicidade foi furtada. A escultura já havia sofrido diversas intervenções populares – o pneu que fazia parte da obra já tinha sido retirado, substituído e avariado. Foi a segunda peça roubada da exposição. A primeira foi a do Parque São Lourenço, no fim do ano passado.

Os ataques a obras urbanas são até previstos pelos organizadores, mas esta é a primeira vez que o circuito mundial da exposição registra roubo de peças. Em Portugal, uma vaca foi seqüestrada na estréia da mostra, mas devolvida no mesmo dia.

"O maior prejuízo é o moral", lamenta o diretor de marketing da FCC, Marcelo Cattani. "A maior parte da população quer preservar o material. Tem peça exposta em locais de grande circulação, como terminais de transporte coletivo, que estão intactas", diz. Os pontos onde as vacas estão instaladas foram incluídos na ronda da Guarda Municipal. "Mas é inviável financeiramente manter segurança em tempo integral para essas obras de rua", explica.

De acordo com Cattani, a Toptrends, empresa parceira da prefeitura na exposição, deve registrar boletim de ocorrência e estudar a reposição das peças até o final da mostra, prevista para o dia 29 de janeiro.

Reação

A reação negativa do curitibano diante das vacas da Cow Parade surpreendeu também os autores das obras de arte. "Estou espantada com tanta agressividade", disse Juliana Leonor Kudlinski, ao saber pela reportagem sobre o ato de vandalismo que atingiu sua peça. A vaca Chiclete foi concebida em duas semanas, entre o projeto e execução, em parceria com Mara Regina Grebogy. Criada para ter interatividade com o público, a escultura convidava a população a colar gomas de mascar nas manchas das áreas de desejo: dinheiro, família, amor, relacionamento, trabalho.

Para Juliana, o ataque às obras reflete um estado de espírito da população. "Parece que todos estão com os nervos à flor da pele e descontam nas esculturas", avalia.

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