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Vídeo:| Foto: Pedro Serápio / Gazeta do Povo

Obras em aeroportos

Presidente da Infraero reconhece falhas

O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, reconheceu em depoimento ontem à CPI do Apagão falhas no planejamento de obras nos aeroportos ao privilegiar a ampliação de terminais de passageiros em detrimento da recuperação das pistas.

No dia seguinte a ter a demissão definida pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, o governo submeteu Pereira ao constrangimento de ter de explicar aos deputados as decisões oficiais para enfrentar a crise aérea e sua permanência no cargo. Sem citar o nome do ex-presidente da empresa, deputado Carlos Wilson, Pereira atribuiu à gestão anterior a responsabilidade pelas falhas.

O brigadeiro afirmou que uma auditoria interna na empresa, aberta por ele, concluiu os trabalhos, mas ainda precisa ouvir pela última vez todas as pessoas envolvidas, antes de ser tornada pública. Contou, porém, que os resultados já foram encaminhados ao Ministério Público.

Decisões

Ele relatou que as decisões sobre obras nos últimos cinco anos foram tomadas antes de março de 2006, quando assumiu interinamente a presidência da Infraero em substituição a Wilson. Pereira evitou comparar a sua demissão, divulgada e não efetivada ainda, à manutenção nos cargos dos diretores da Anac, mas cobrou mais rigor na fiscalização da agência reguladora sobre as companhias aéreas.

Sobre as notícias de que seria demitido do cargo, o brigadeiro voltou a afirmar que está tranqüilo e não se preocupa em manter o cargo.

Brasília – As principais causas do acidente com o avião da TAM, que matou 199 pessoas há 15 dias, devem vir à tona hoje. Às 9 horas, os integrantes da CPI do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados, avaliam o conteúdo das caixas-pretas do Airbus A320, recebidas ontem. Após a sessão secreta, eles vão conceder uma entrevista coletiva.

Os deputados receberam ontem CDs com os dados de dois aparelhos, transcritos nos Estados Unidos. O primeiro é o Flight Data Recorder, caixa com as informações de 60 parâmetros técnicos do vôo (como variação de altitude e do sistema de frenagem). O outro é o Cockpit Voice Recorder, que gravou os últimos 30 minutos de diálogos da tripulação na cabine, assim como as conversas com a torre de comando.

Ainda não se sabe se os parlamentares vão divulgar o conteúdo total do material. O tema provocou polêmica durante toda a tarde de ontem. Parte dos membros da CPI defendeu a transparência total no repasse das informações à imprensa, enquanto outros preferem que sejam vedados os pontos mais chocantes.

"O pessoal da Aeronáutica com quem eu conversei me disse que as gravações são um filme de terror. Temos que ser responsáveis para não trazer ainda mais dor às famílias das vítimas", disse o paranaense Gustavo Fruet (PSDB). Outro representante do estado na comissão, André Vargas (PT), disse que, se pudesse, nem gostaria de escutar os últimos instantes. "Não me interessa escutar gritos de desespero", declarou o petista.

O presidente em exercício da comissão, Eduardo Cunha (PMDB- RJ), ressaltou que a CPI está mantendo todos os esforços para manter o sigilo das informações recebidas ontem. "Posso garantir e reforçar que nada vai vazar daqui. Só vamos esperar até amanhã (hoje) porque há uma série de dados técnicos que não temos condições de analisar sozinhos", afirmou.

A avaliação será acompanhada do chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho.

O próprio militar chegou a defender que as caixas-pretas não fossem repassadas à CPI, mas voltou atrás na semana passada. Ainda assim, ele pediu cautela no tratamento dos dados.

Para evitar o vazamento via Câmara, os deputados guardaram o material em um envelope lacrado no cofre em um andar subterrâneo do Congresso Nacional. O paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB) esteve junto com o relator da Comissão, Marco Maia (PT-RS), nessa operação. "Não tem como sair informação daqui, tomamos todas as precauções", disse o peemedebista.

Acesso

Apesar do cuidado com o tratamento dos dados, a revista Veja já teria tido acesso às informações da caixa-preta. No fim de semana, uma reportagem da publicação responsabilizou principalmente o piloto Kleyber Lima pela tragédia. O texto revela que a aeronave não conseguiu desacelerar o suficiente para pousar porque Lima manteve fora da posição devida um dos manetes que regulam as turbinas do Airbus.

A mesma falha humana teria provocado acidentes similares com o mesmo modelo de avião nas Filipinas e em Taipei. Nesses dois casos, entretanto, as conseqüências foram menos graves porque havia um espaço para escape dos aviões fora da pista.

Apesar disso, a revista divulgou que, de acordo com investigações já adiantadas do Cenipa, a pista do Aeroporto de Congonhas não teria contribuído diretamente para o acidente, já que não foi comprovada aquaplanagem durante a tentativa de pouso.

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