Brasília – A três dias de apresentar seu relatório final, a CPI dos Bingos ainda não recebeu informações completas sobre cerca de 75% das operações que constam nos sigilos bancários dos investigados. Os "buracos" nos dados enviados pelos bancos escondem, na maioria dos casos, a origem e o destino das movimentações sob investigação – falha que impossibilita a análise das contas.

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É o mesmo problema enfrentado pela extinta CPI dos Correios, que brigou com os bancos para poder receber corretamente as informações requisitadas. "Os bancos não estão colaborando e sem esses dados vai ficar difícil avançar em pontos importantes das investigações", alerta um dos peritos designados para a CPI. "Isso vai se refletir no número de indiciamentos."

A falta de dados para rastrear operações bancárias suspeitas é um dos maiores desafios dos técnicos, que devem entregar o relatório nesta quinta. O documento vai esmiuçar as ligações das casas de bingo com o crime organizado e as práticas de lavagem de dinheiro. Os peritos também produziram capítulos sobre as conexões dos bingos com esquemas de corrupção nas prefeituras de Santo André e de Ribeirão Preto.

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O relatório vai citar ainda a suposta doação de R$ 1 milhão dos empresários do setor para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Outro ponto destrinchado pelos técnicos é a renovação do contrato de loterias da Caixa com a Gtech. Há evidências de pagamento de propina.

Outro motivo de reclamação dos peritos são os atrasos no envio dos sigilos telefônicos dos investigados.

Duas grandes operadoras, segundo os peritos, ainda não remeteram os dados de quebra de sigilos aprovadas pela comissão nos dias 13 e 14 de dezembro do ano passado – um atraso, portanto, de seis meses.

Há extratos telefônicos fundamentais nessa lista. Entre eles, as chamadas discadas e recebidas pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz nos ramais do Palácio do Planalto, os telefonemas da casa mantida pela República de Ribeirão Preto em Brasília e os extratos do telefone utilizado por Juscelino Dourado quando ele era chefe-de-gabinete do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.