Brasília (AG) Polêmica à vista na CPI dos Bingos: a 50 dias da data marcada para seu término, a comissão planeja incluir no relatório final a proposta de realização de um plebiscito para a legalização dos jogos de azar, incluindo bingos, cassinos e até o jogo do bicho. A idéia partiu do presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), e conta com a simpatia do relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), que já trabalha na confecção do documento que fechará os trabalhos da comissão.
Os dois estudam o melhor caminho para viabilizar o plebiscito. A princípio, seria proposto em forma de projeto de lei que teria que passar pelo crivo do Congresso.
A consulta teria os moldes da realizada ano passado, na qual os brasileiros rejeitaram a proibição do comércio das armas de fogo, com campanha em rádio e tevê polarizadas entre dois grupos, contrário e favorável à mudança na lei. "Esta não é uma decisão do governo ou do Congresso, mas sim da sociedade. O plebiscito é o melhor caminho", diz Morais. Ele afirma que, se houver tempo hábil, o plebiscito pode acontecer junto às eleições deste ano, em outubro. Caso contrário, ficaria para a disputa municipal de 2008. "Não queremos que o plebiscito aconteça isoladamente, isso geraria custos altos. Junto com a eleição, basta acrescentar mais uma pergunta na urna eletrônica", explica.
A proposta reacendeu a discussão sobre a legalização dos jogos. Uma das vozes mais enfáticas na luta contra os bingos, o promotor de Justiça e secretário de Segurança do Paraná, Luiz Fernando Delazari, diz que a consulta representa um retrocesso gigantesco no combate à criminalidade.
Ele sustenta que a atividade é hoje a maior e mais eficiente fonte de lavagem de dinheiro do crime organizado, especialmente do tráfico de drogas.
"Não é só no Brasil, acontece em todo mundo. E o mais grave é que não existe um estado que tenha conseguido montar uma estrutura capaz de fiscalizar a lavagem de dinheiro. Se você jogar dinheiro sujo na contabilidade de um bingo e disser que o dinheiro chegou lá pelos jogadores, quem vai provar o contrário?", questiona o secretário.
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