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Brasília – As idas e vindas do empresário Luiz Antônio Vedoin e as novas acusações contra o presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), provocam temor nos integrantes da CPI dos Sanguessugas de uma absolvição em massa dos deputados envolvidos no escândalo.

O fato de Vedoin revelar novos detalhes do escândalo a conta-gotas por meio da imprensa, e não para a própria comissão, a Justiça ou o Ministério Público, deverá ser usado como tática de defesa pelos deputados acusados, avaliam integrantes da CPI. Se o principal acusador perde credibilidade, o processo fica enfraquecido.

A acusação contra Izar é considerada perigosa, uma vez que o presidente do Conselho de Ética é justamente o responsável por encaminhar a abertura dos processos de cassação. Se ele próprio estiver sob suspeição, ficará difícil levar adiante as investigações contra os colegas de Câmara.

"Esclarecer o que pesa contra Izar é prioridade absoluta, para não comprometer a segunda fase da investigação, que ocorre depois da eleição, no âmbito do conselho. Neste momento nós não sabemos se existe algo de concreto contra ele, ou se é simplesmente uma tentativa de sabotagem por parte do Vedoin’’, afirma o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).

A CPI quer uma palavra da Justiça Federal sobre a consistência das acusações contra Izar. Amanhã a comissão se reúne e deve pedir ao juiz Jefferson Schneider, da Justiça Federal em Cuiabá (MT), que ouça novamente o empresário o quanto antes e dê seu parecer.

A CPI ouviu Vedoin por três vezes quando o empresário esteve em Brasília. "Essa delação premiada se transformou em novela premiada’’, diz o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE), que defende nova convocação de Vedoin, o empresário que deu impulso às investigações ao relatar e dar provas de muitos casos.

Quando Vedoin deu a primeira entrevista revelando detalhes que não contara à CPI nem à Justiça, membros da CPI defenderam que fosse retirado o benefício da delação premiada e até que o empresário fosse preso. Com as novas revelações – o líder da máfia envolveu quatro novos deputados em entrevista neste final de semana à revista Época, entre eles Izar –, volta a pressão para medidas contra Vedoin.

Izar disse na semana passada que uma de suas emendas apresentadas ao Orçamento direcionou verbas que acabaram resultando na compra de uma ambulância da Planam (empresa acusada de chefiar o esquema) por um município de São Paulo.

Segundo as novas declarações de Vedoin, Izar participou do esquema por meio de uma lobista. O deputado negou todas as acusações, afirmou que não tem relação com ninguém ligado à Planam nem à máfia e disse que todas suas emendas foram analisadas pelo Tribunal de Contas da União e pela Polícia Federal. De acordo com Izar, nenhuma irregularidade foi encontrada.

Paralelamente, os membros da CPI prometem nesta semana fazer pressão sobre os líderes partidários para que limpem a pauta da Câmara, abrindo caminho para a votação da emenda constitucional que acaba com o voto secreto em cassações de parlamentares, em 5 de setembro.

"Os líderes não podem ficar em seus estados fazendo campanha enquanto a Casa cai’’, afirmou Gabeira.

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